3.12.14

O que resolve

Da Folha

Garoa ou temporal?

Nem um nem outro; o melhor que pode ocorrer sobre as represasdo sistema Cantareira são chuvas moderadas e constantes por dias e dias, segundo os especialistas
EDUARDO GERAQUEDE SÃO PAULO
Nem garoa e, muito menos, fortes temporais.
Pelo menos em um primeiro momento, o melhor que pode ocorrer sobre as represas e os rios do sistema Cantareira, principal abastecedor da Grande São Paulo, são chuvas moderadas durante horas.
E, de preferência, repetidas todos os dias do mês.
O problema é que os institutos de meteorologia, como a Somar, indicam que o verão não deve ter esse cenário ideal --por causa da seca, o Cantareira passa por sua pior crise; nesta terça (2), tinha 8,5% da capacidade, já contando o segundo volume morto.
As previsões indicam que deve haver dias chuvosos seguidos de dias secos.
Essa alternância é ruim, pois pode impedir que seja interrompido logo o chamado "efeito esponja" --como o solo está muito seco, as águas das chuvas não se acumulam.
As chuvas de novembro colaboraram um pouco e molharam a "esponja", mas é preciso que elas continuem.
A chuva, ao atingir o Cantareira, se divide em fluxos, explica Mateus Simonato, geólogo da USP. Segundo ele, parte da água evapora ao atingir o solo. Outra parte é captada pela (pouca) vegetação existente na região.
Até por causa disso, temporais são ruins, porque aumentam a erosão, o que ajuda a entulhar rios e represas.
O terceiro caminho é o que mais interessa. "A água que escoa pela superfície é a que atinge rios e reservatórios."
Ou seja, é a parte da chuva que não faz nenhum dos dois primeiros trajetos que se infiltra e preenche a "esponja", diz Simonato. Só depois as represas começam a encher.
Quanto mais chuvas moderadas e constantes, dia a dia, menor a chance de aquilo que ficou acumulado nos dias anteriores secar.
As previsões também indicam que não vai chover fora das médias históricas. Isso significa que o acúmulo de água até abril não vai resolver a situação do Cantareira. A crise entra em 2015.
Para que a situação se normalize --e os especialistas são unânimes nesse cálculo--, a única forma é chover de forma moderada, por muitos dias e sem parar, sobre a região das represas do Cantareira.

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