PESSOAIS

Mandei o seguinte ofício para o Prefeito de Osasco, hoje, mas escrito sexta-feira

Vindo trabalhar de carro nesta cidade tenho notado alguns problemas viários para os quais peço sua particular atenção:
a)                            apesar da existência de sinalização para pedestres, estes violam sempre o sinal vermelhos, principalmente nas esquinas da Avenida dos Autonomistas com R. Pedro Fioretti e Rua Cônego Afonso com R. Dona Primitiva Vianco. Seria necessário, ouso sugerir para V. Exa, uma ação educadora e fiscalizadora.
b)                           Existe uma rotatória ao final da Av. Hilário Pereira de Souza e R. General Manoel de Azambuja Brilhante, sendo verdadeiramente caótica a situação do trânsito, com total desrespeito das preferenciais e deixando de lado toda a regulação de trânsito. Novamente, com o devido respeito, faz-se necessária uma ação preventiva, repressiva e educadora.


Sem mais, ciente de que o assunto receberá a devida atenção, reitero os protestos de elevada estima e distinta consideração

Do blog do Matheus Leitão, 20/4/15

por Matheus Leitão

Pesquisa do PT detecta rejeição ao governo na 'nova classe média'


Uma pesquisa encomendada pelo PT, para uso apenas interno, foi realizada recentemente em favelas e outras regiões de baixa renda de São Paulo, Rio de Janeiro e uma capital do Nordeste. O resultado revelou um índice de rejeição assustador no segmento da população que ganha até dois salários mínimos.

Um integrante do governo, com acesso à pesquisa, relatou ao Blog que o dado é o mais preocupante pela grande insatisfação desta faixa “que resistia a ver com olhos críticos o governo do PT”. 

Esse é o grupo de brasileiros mais beneficiado pelo aumento de consumo nos últimos anos derivado do aumento real de salário e é definido, internamente, como a "nova classe média."

A pesquisa também mostrou  uma queda repentina e abrupta na popularidade da presidente Dilma Rousseff, no mesmo nível da última pesquisa Ibope.

O fenômeno político de queda brusca é visto no partido justamente como consequência do que acontece nessa faixa de renda. Segundo a avaliação deste integrante, é nesse grupo que o PT pode ter a sua recuperação mais rápida.


Queda de ficha
Finalmente os petista estão começando a entender que a defesa dos corruptos e/ou condenados no mensalão custou muito caro ao partido e, no fim das contas, é mesmo indefensável. Copio abaixo nota do Painel da Folha de hoje, 25 de março de 2015:
Saia-justa O prefeito de Bragança Paulista, Fernão Dias, fez o discurso mais duro da reunião. Disse que apoiou os condenados no mensalão, mas que "não dá mais para defender José Dirceu" depois que sua consultoria recebeu R$ 29,3 milhões em oito anos

DA FSP em 10 de fevereiro de 2015


Humildade Na conversa que teve com ministros, Dilma Rousseff admitiu que sua Presidência passa uma imagem de isolamento e prometeu mudar de comportamento, segundo um auxiliar. A petista disse que vai se comunicar mais com a população.

Garoa A rejeição a Dilma na cidade de São Paulo voltou a preocupar os petistas. O percentual de paulistanos ouvidos pelo Datafolha que classificam sua gestão como ruim ou péssima chegou a 54%. Só 15% avaliam o governo como ótimo ou bom.

Do Lauro Jardim em 10/2/15

Blogs e Colunistas
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
10:19 \ Brasil

Dilma comenta o Datafolha

Dilma
Queda de popularidade inevitável
Quem esteve com Dilma Rousseff depois da publicação do novo Datafolha, em que sua popularidade despenca, ouviu dela uma resposta resignada:
- O que mais se pode esperar num momento em que se anunciam cortes e pode faltar água e energia?
Por Lauro Jardim

Da Folha, em 27/1/15


ANDREA MATARAZZO
TENDÊNCIAS/DEBATES





Crônica de uma cidade imaginária


O verdadeiro furacão que passa por São Paulo é a atual gestão, que está devastando a cidade, a despeito das palavras moderninhas de Haddad
Cada vez que leio uma entrevista ou um artigo do prefeito Fernando Haddad fico mais impressionado com seu desconhecimento da vida e dos problemas de São Paulo. No último domingo (25), nesta seção, Haddad escreveu um artigo sobre uma cidade que só ele conhece. Bem distante da São Paulo real, na qual os moradores são diariamente castigados pela incúria da administração.
Haddad afirma que é uma "falsa dialética contrapor a prefeitura-zeladora, que coleta impostos, tapa buracos e recolhe lixo, à prefeitura-planejadora, que inova e olha a cidade do futuro". Não existe falsa dialética, mas uma dupla incompetência: a prefeitura não cumpre sua função de zelar nem de planejar o futuro.
Mesmo contando com a boa vontade dos críticos, é inegável que Haddad piorou a cidade. Ele a recebeu após as gestões José Serra (2004-06) e Gilberto Kassab (2006-12) com R$ 885 milhões de superavit, além de um amplo acervo de obras concluídas nas áreas de saúde, educação e infraestrutura. Até agora, Haddad nada de positivo criou.
O prefeito insiste em dizer que precisa disputar palmo a palmo a versão dos fatos, mas os fatos insistem em desmentir as versões. A prefeitura diz que mais de 80% dos dependentes que vivem na cracolândia foram recuperados. Porém, mais de mil pessoas vagam desassistidas como zumbis pela região.
Ele diz que a culpa pela queda recorde de árvores neste verão foi de um vendaval semelhante ao Katrina, mas se esquece de falar da total ausência de manutenção e de podas dos galhos em sua gestão.
O discurso dá menos trabalho do que a prática, mas os fatos são implacáveis. Ao ser empossado, Haddad se comprometeu com 123 metas. Dessas, apenas 16 foram cumpridas. A meta para os primeiros dois anos na saúde era construir 38 UBSs, mas fez apenas quatro.
Na habitação, a promessa era concluir 19 mil casas até a metade do mandato --foram entregues 2.700. Haddad havia prometido construir 243 creches. Contudo, apenas 26 foram concluídas.
O prefeito não "desliza investimentos", ele os engaveta por inépcia ou por inviabilidade.
As finanças foram comprometidas. O superavit herdado já virou deficit. Nos últimos dois anos, Haddad gastou mais do que arrecadou. A tão celebrada renegociação da dívida com a União, que o prefeito pinta como mérito exclusivo dele, é um processo que vem desde a administração Kassab.
O prefeito, que não conhece São Paulo, insiste em compará-la a Nova York, o que demonstra desconhecimento de ambas. Ao citar Janette Sadik-Khan, ex-chefe do departamento de trânsito de Nova York, ele omitiu um fato essencial: ela apenas alcançou bons resultados na implantação de ciclovias depois de discutir com toda a sociedade.
Em entrevista a esta Folha, ela explicou que organizou 2.000 encontros por ano, durante seis anos, para definir rotas --enquanto por aqui tudo é feito no afogadilho.
O prefeito quer dar a impressão de "moderninho descolado" quando fala de grafites, wi-fi e micropraças, mas continua esquecendo o sofrimento dos que vivem na periferia, onde os programas de habitação, limpeza de córregos e do sistema de drenagem não saem do discurso.
No artigo de domingo, o prefeito já preparou a desculpa pela falta de resultados --os " tempos sofridos". Se quisesse ser mesmo solidário, deveria gastar a verba de publicidade da prefeitura em campanhas esclarecedoras de como poupar energia elétrica e água, em vez de mostrar uma cidade que não existe.
O verdadeiro furacão que passa por São Paulo é a atual gestão municipal, que está devastando a cidade, a despeito das palavras moderninhas de Haddad e de sua gestão "protossocialista" --como disse a secretária de Planejamento de Haddad, Leda Paulani, que, de cidade, só conhece a universitária.


Da Folha em 10/12/14


VINICIUS TORRES FREIRE






A Petrobras dança, o governo canta


Procurador-geral comenta o desastre sabido da empresa, governo reage com desconversa política
A PETROBRAS é administrada de modo "desastroso"; foi assaltada de modo a causar escândalo e "chagas que corroem a probidade administrativa e as riquezas da nação", discursou ontem o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Disse ainda que promete raspar até o fundo do tacho da roubança e que talvez seja preciso trocar a direção da empresa.
O governo, "indignado", reage por meio da pessoa do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, com a seguinte inanidade: "Não há indícios contra sua [Petrobras] presidente ou atuais diretores...".
Primeiro, o suave ministro não poderia dizer outra coisa (de outro modo o governo seria negligente ou cúmplice). Segundo, quem dá a mínima para esse tipo de conversa? Quase ninguém a não ser gover- nistas ou bajuladores em geral, alheados da realidade e loucos de algum gênero.
O governo não está entendendo o tamanho da encrenca que criou ou em que se pôs, tal como foi no caso das contas públicas, que deixou chegar ao ponto da pindaíba e do descrédito antes de prometer mudança. Pode bem ser que não seja preciso trocar os diretores da Petrobras. Mas é necessário mudar a direção da petroleira, de modo a evitar que empresa seja arrebentada como as contas públicas, o setor elétrico, o setor de álcool, a Eletrobras etc.
A Petrobras é processada ou investigada em vários países, é motivo de escárnio ou repulsa internacional, perde crédito na praça, não pode nem publicar balanço auditado e suas ações são trituradas, para ficar num resumo básico da desgraça. Além do mais, arrasta consigo o resto do mercado, seu desastre encarece os empréstimos externos para empresas brasileiras, que assim desistem de captar dinheiro lá fora, e também avaria o crédito do próprio governo.
Cerca de 80% da dívida da empresa é externa, pelo que se sabe do último balanço conhecido, do segundo trimestre deste ano. Dada a valorização do dólar, de uns 20% desde então, a dívida subiu. Deve ter subido mais porque a despesa de investimento sobe mais rápido que a sua receita, prejudicada pelo governo, que transformou a empresa em um departamento federal de política industrial e de preços.
Caso se confirme uma taxa de câmbio desfavorável para a empresa, mesmo com a queda do preço do petróleo pode ser preciso reajustar preços. Caso o governo não reveja o conjunto de suas políticas para a Petrobras, a empresa pode ficar sem crédito a preço decente para tocar investimentos ou mesmo para aumentar a produção o bastante para evitar o aumento aflitivo de sua dívida.
O governo, porém, parece não ter capacidade de reação política. Ou os problemas se "resolvem" com batidas da polícia ou com o fato de que não restou alternativa além do desastre, como no caso das contas públicas.
Há bombas financeiras para explodir no setor elétrico, suspeitas de corrupção em montes de licitações federais ou de estatais, risco de parlamentares e ex-ministros fazerem fila na porta da cadeia. Mas o governo segue a pisar nas minas explosivas distraído, como se o caso fosse apenas de "imagem" ou de "disputa política", como gosta de dizer.
Cresce o risco de tudo isso dar em besteira grossa.

Da Folha em 25/11/14

CLÓVIS ROSSI







O Brasil está pensando pequeno


O país precisa de políticas ousadas, muito além dos rótulos dos novos ministros e da macroeconomia
A discussão sobre a nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff está sendo conduzida em termos liliputianos.
Se o novo ministro é ortodoxo, neoliberal, "mãos de tesoura", o diabo, pode até ser importante, mas é secundário diante dos desafios que o país tem pela frente.
É como escreve para o "Financial Times" o colunista também da FolhaMarcos Troyjo: "A macroeconomia, por si só, não moldará um futuro mais brilhante para o Brasil".
Bingo. O Brasil precisa pensar grande, muito além do tripé câmbio flutuante/superavit fiscal primário/metas de inflação.
Só um exemplo de política que foge da macroeconomia, mas precisa urgentemente ser pensada ou repensada: mudança climática.
O Banco Mundial, que não chega a ser um Greenpeace, acaba de divulgar relatório em que adverte para as tremendas consequências econômicas da mudança climática.
Para o Brasil, em particular, não fazer nada ou continuar com as políticas atuais tende a permitir a ocorrência de fenômenos climáticos extremos que, por sua vez, poderão cortar a safra de soja de 20% a 70%.
Por isso, o relevante não é discutir apenas se a provável futura ministra da Agricultura, Kátia Abreu, é uma representante do agronegócio no governo ou uma inimiga dos índios. Mais importante é discutir que políticas o governo adotará para colaborar na mitigação da mudança climática.
Francamente falando, se a presidente me pedisse uma indicação para o ministério, eu sugeriria alguém do Greenpeace.
Mas não é esse o ponto. O ponto é que a responsável pelas políticas a serem adotadas não é Kátia Abreu, Joaquim Levy ou quem seja. É Dilma Rousseff, mas não a vejo cercando-se de gente capaz de discutir seriamente e em profundidade como o Brasil vai se inserir num mundo em constante mutação.
Em "El País" desta segunda-feira, 24, Antonio Navalón escreveu que, talvez, o problema da política, tanto do mexicano Peña Nieto como de Dilma Rousseff, é que "tratam de consertar e preservar, quando os novos tempos exigem mudar".
Conservar o superavit primário, por exemplo, significa manter uma situação em que o pagamento dos juros consome, como consumiu nos 12 meses até setembro, R$ 190 bilhões, enquanto, para investimentos, sobra a terça parte desse montante (R$ 57,1 bilhões).
É viável um país assim?
É viável um país em que os detentores da dívida pública, que não são exatamente pobres, recebem esses R$ 190 bilhões, ao passo que os pobres entre os pobres (os atendidos pelo Bolsa Família, que são muitos mais) ficam com um sexto desse bolo (R$ 25 bilhões)?
Pouco me interessa saber se Joaquim Levy ou quem for, afinal, o ministro da Fazenda é neoliberal. Importa é que ele, até agora em sua vida pública, não deu demonstrações de que é capaz de pensar grande, pensar um país realmente grande.
Como diria Deng Xiaoping, o líder chinês, não importa a cor do gato; importa que ele cace o rato. Não há até agora, no jogo do novo ministério, alguém que pareça de fato capaz de caçar um Brasil grande.

Do Lauro Jardim em 13/11/14


6:05 \ Governo

O silêncio de Lula

Agora não tem vídeo de apoio
Agora não tem vídeo de apoio
Lula está por trás ou não da fala de Gilberto Carvalho na segunda-feira e da carta de demissão de Marta Suplicy na terça-feira?
Se não quisesse deixar dúvidas sobre o que acha desses rumores, que só prejudicam sua companheira Dilma Rousseff, bastava que Lula, sempre tão falante, soltasse uma nota de apoio a presidente ou mesmo gravasse algo para ser exibido nas redes sociais. Como não se movimentou até agora…
Por Lauro Jardim


ESse cara é um perigo. DA FSP hoje, 3/11/14










Equipe de Dilma teme aumento de poder de Arno Augustin em 2015


Atual secretário do Tesouro Nacional deve assumir cargo de assessor especial da Presidência
Outros auxiliares da presidente acreditam que ele influenciará também medidas microeconômicas
NATUZA NERYDE BRASÍLIA
Arno Augustin deve ter novo endereço em 2015. A possível mudança tem deixado integrantes do próprio governo Dilma preocupados.
O atual secretário do Tesouro Nacional deve assumir, a partir do próximo ano, o cargo de assessor especial da Presidência, com direito a sala ao lado do gabinete presidencial no Planalto.
Funcionários do alto escalão dizem achar que, caso assuma a nova função, Arno será uma espécie de "grilo falante", dando ideias à presidente não só na agenda macroeconômica, mas também na micro. Ou seja: sua influência aumentará em 2015.
Tirando a presidente, Arno Augustin tornou-se uma unanimidade no primeiro mandato: é, ao mesmo tempo, desaprovado pelo mercado financeiro e pelo próprio PT, partido ao qual é filiado.
Nos últimos anos, Arno ganhou lugar cativo no time dos mais fieis auxiliares de Dilma. Agora, se confirmada a remoção, pode virar conselheiro de tudo, do prometido projeto que unifica alguns impostos às discussões sobre cortes no Orçamento.
Na avaliação interna, Arno simboliza a imagem negativa do governo na gestão fiscal, marcada pelas manobras adotadas a partir de 2012 para "garantir" o cumprimento das metas. Mas não é só.
Exageros à parte, muitos afirmam que vêm dele atrasos relevantes na agenda do programa de concessões públicas, lançado em 2012.
De fato, Arno influenciou quase tudo o que se produziu no Executivo nos últimos anos: renovação das concessões de energia; leilões de aeroportos, redistribuição de slots (janelas para pousos e decolagens) em Congonhas; novo modelo de ferrovias, rodovias entre outros.
Em muitos desses casos, extrapolou sua atribuição de guardião do cofre público, sugerindo ele próprio gastos adicionais que comprometeriam a capacidade do governo de economizar para pagar os juros da dívida pública.
Exemplos não faltam. Ele mesmo se ofereceu para bancar parte da indenização às geradoras de energia que se recusaram a renovar suas concessões seguindo as regras impostas pelo Planalto.
Também saiu de seu escaninho a proposta de criar um subsídio para estimular a aviação regional.
Na ocasião, especialistas do próprio governo ponderaram que a medida não era a ideal para promover mais voos ao interior. Arno, então, bateu o pé e conseguiu convencer a presidente.
UNHA E CARNE
Observadores da relação de Arno com a chefe costumam descrevê-los como semelhantes. O secretário não costuma contradizer Dilma. Executa a tarefa pedida, com raríssimos questionamentos.
Quando o Planalto analisava a segunda rodada de licitações de aeroportos, depois das concessões de Guarulhos, Viracopos e Brasília, Arno convenceu a presidente a mudar o modelo de leilão, quando ministros viajaram ao exterior com a missão de "vender" o projeto a operadores internacionais.
A mala, como era imaginado, voltou vazia. Arno jamais foi cobrado disso. O Planalto perdeu meses nessa discussão. A segunda rodada de licitações acabou saindo no mesmo formato da primeira.

Mais uma que se vai
Esse ciclo político de 2014 está sendo marcado por fortes embates no Facebook. Logo no começo de tudo desfiz uma amizade, prevendo brigas, mas pensando em reatar depois da eleição. No correr do pleito outro amigo ficou me azucrinando. Desfiz, também pensando em reatar depois da eleição. Agora, infelizmente, amiga dos tempos de Marília, me deu duas patadas seguidas. Chamou minhas opiniões de "nauseantes". Fui até checar se ela não tinha desfeito a amizade. Não desfez. Eu desfiz, sem previsão de retornar e reatar. Uma pena. Nem falei nada para ela. Ia começar a falar e decidir não fazê-lo. Agora, se é para chamar a opinião de alguém de nauseante, melhor não ter amizade, certo?

Noblat, em 1/10/14
POLÍTICA

Dilma tentará ganhar no 1º turno. Caso não consiga, prefere enfrentar Aécio no 2º

Ricardo Noblat
Então fica combinado assim: levando-se em conta as pesquisas de intenção de voto do Ibope e do Datafolha divulgadas ontem à noite, Dilma vai para cima dos seus adversários na tentativa de liquidar a eleição no próximo domingo.
E Marina e Aécio se engalfinharão atrás da chance que permita a um dos dois empurrar o fim da eleição para o segundo turno.
Marina e Aécio admitem que é isso o que farão. Dilma, não. Recusa-se a admitir que esteja empenhada em se eleger no primeiro turno. E por que?
Para não se frustrar nem frustrar sua tropa se não conseguir. O mais provável, segundo Mauro Paulino, diretor do Datafolha, é que fique para o segundo turno o desfecho da eleição.
Segundo Paulino, Dilma deverá chegar no domingo com 36% a 43% das intenções de voto. Marina, com 22% a 28%. E Aécio com 18% a 23%.
Não entra nessa conta o fato de Aécio dispor mais do que Marina de aliados políticos nos Estados capazes de favorecê-lo.
Nem entra o risco que corre Marina de perder eleitores que ainda não sabem como votar nela.
A pesquisa Ibope foi aplicada entre os dias 27 e 29. A do Datafolha, entre 29 e 30.
As duas apontam quase os mesmos resultados no primeiro turno: 39% para Dilma, 25% para Marina e 19% para Aécio no caso do Ibope. No caso do Datafolha, 40%, 25% e 20%.
Os resultados da simulação de segundo turno na duas pesquisas são bastante parecidos.
Os dois institutos coincidem no registro de um quadro de estabilidade para Dilma e Aécio. E de queda acentuada e permanente de Marina.
Em meados de agosto último, Marina tinha 20 pontos percentuais a mais do que Aécio. Agora, só cinco.
Caiu porque virou alto preferencial dos ataques de Dilma no rádio e na televisão. E não soube - ou não quis - respondê-los. O programa de TV de Dilma tem 12 minutos. O de Marina, dois.
Aécio tem cara de candidato de oposição. Marina, de candidata da mudança. Para Dilma, ela representa um risco maior do que Aécio. Daí porque Dilma tanto bate nela.
Pelo Ibope, Marina lidera as intenções de voto em São Paulo onde estão 22% dos eleitores, seguida por Dilma e Aécio. Embora em queda no Nordeste, é mais forte ali do que Aécio.
Se não se reeleger no primeiro turno, Dilma irá para o segundo na condição de favorita seja contra Marina ou Aécio.
A maioria dos eleitores cobra mudanças. Eram 79% há uma semana. Agora são 74%, informa o Datafolha.
Dilma é considerada por eles como a candidata mais apta a promover mudanças – 34% a 24% (Aécio) e a 23% (Marina).
A pancadaria de Dilma em Marina, a qual se associou Aécio, provocou um aumento de sua taxa de rejeição – o percentual de eleitores que dizem que jamais votarão nela.
Em 15 de agosto, a rejeição de Marina era de 11%. Subiu para 25%. É menor que a rejeição de Dilma (31%). Mas maior que a rejeição de Aécio (23%).

O crescimento de Marina visto pelo New York Times, copiado de blog do Estadão

WASHINGTON – O crescimento da candidata Marina Silva (PSB) nas pesquisas eleitorais é símbolo de um sentimento antigoverno que tem agitado os brasileiros, incluindo o cansaço das pessoas com a corrupção na política e o desempenho fraco da economia, destaca o jornal norte-americano The New York Times em uma extensa reportagem sobre as eleições brasileiras publicada na edição desta terça-feira.
Com uma foto da candidata Marina Silva ocupando quase toda a página do início da editoria de Internacional, a reportagem, assinada pelo correspondente do jornal no Brasil, Simon Romero, fala do aumento recente da popularidade de Marina e da disputa apertada com a presidente Dilma Rousseff (PT) nas eleições de outubro.
Além da crescente insatisfação com a economia e a corrupção, o jornal destaca que Marina vem ganhando espaço na medida em que cresce o número de eleitores evangélicos no Brasil. Outra razão é a insatisfação dos brasileiros, que tiveram aumento de renda nos últimos anos, mas não da qualidade de vida e dos serviços públicos nas grandes cidades.
Times conta na reportagem a história de Marina, destacando sua infância pobre no Acre, sua alfabetização apenas depois dos 16 anos de idade e fala ainda da sua conversão à igreja evangélica em 1997. A reportagem destaca que Marina não tem dado tanta ênfase, até agora na campanha, para sua origem humilde e sua etnia. “Ao contrário, a candidata optou por uma mensagem difusa de uma ‘nova política’ necessária para barrar o PT e o PSDB, partidos que vêm dominando a política nacional por mais de 20 anos”, diz o texto.
O jornal dos EUA ressalta que tanto Marina como Dilma foram ministras de Luiz Inácio Lula da Silva, mas enquanto ocupavam as pastas divergiam de quase tudo, de usinas nucleares a uma hidrelétrica na Amazônia. Dilma acabou sendo presidente do Brasil e o PT teve que fazer uma aliança com o PMDB para conseguir governar, diz o texto. Já Marina se distanciou do PT a partir de 2009, quando saiu do partido, e tem procurado mostrar que defende uma política econômica mais amigável ao mercado.
Apesar de crescer nas pesquisas, os desafios para Marina persistem, destaca o Times. O jornal cita, por exemplo, que a campanha de Dilma tem um caixa de US$ 55 milhões, cerca de cinco vezes a mais do que a da candidata do PSB. Além disso, ataques à Marina ganharam força nas últimas semanas, barrando o crescimento dela nas pesquisas mais recentes, ressalta o jornal.
A reportagem destaca ainda que Marina falou pouco na campanha de como lidaria com questões diplomáticas mais sensíveis do Brasil, como a aproximação do país com a Venezuela e Cuba durante o governo do PT. O fato, porém, de que a corrida presidencial se estreitou em duas mulheres de esquerda, uma negra, ambas do governo Lula e contrárias ao regime militar, mostra a consolidação da democracia brasileira desde os anos 80, ressalta o texto.
O crescimento da candidata Marina Silva (PSB) nas pesquisas eleitorais é símbolo de um sentimento antigoverno que tem agitado os brasileiros, incluindo o cansaço das pessoas com a corrupção na política e o desempenho fraco da economia, destaca o jornal norte-americano The New York Times em uma extensa reportagem sobre as eleições brasileiras publicada na edição desta terça-feira.
Com uma foto da candidata Marina Silva ocupando quase toda a página do início da editoria de “Internacional”, a reportagem, assinada pelo correspondente do jornal no Brasil, Simon Romero, fala do aumento recente da popularidade de Marina e da disputa apertada com a presidente Dilma Rousseff (PT) nas eleições de outubro.
Além da crescente insatisfação com a economia e a corrupção, o jornal destaca que Marina vem ganhando espaço na medida em que cresce o número de eleitores evangélicos no Brasil. Outra razão é a insatisfação dos brasileiros, que tiveram aumento de renda nos últimos anos, mas não da qualidade de vida e dos serviços públicos nas grandes cidades.
Times conta na reportagem a história de Marina, destacando sua infância pobre no Acre, sua alfabetização apenas depois dos 16 anos de idade e fala ainda da sua conversão à igreja evangélica em 1997. A reportagem destaca que Marina não tem dado tanta ênfase, até agora na campanha, para sua origem humilde e sua etnia. “Ao contrário, a candidata optou por uma mensagem difusa de uma ‘nova política’ necessária para barrar o PT e o PSDB, partidos que vêm dominando a política nacional por mais de 20 anos”, diz o texto.
O jornal dos EUA ressalta que tanto Marina como Dilma foram ministras de Luiz Inácio Lula da Silva, mas enquanto ocupavam as pastas divergiam de quase tudo, de usinas nucleares a uma hidrelétrica na Amazônia. Dilma acabou sendo presidente do Brasil e o PT teve que fazer uma aliança com o PMDB para conseguir governar, diz o texto. Já Marina se distanciou do PT a partir de 2009, quando saiu do partido, e tem procurado mostrar que defende uma política econômica mais amigável ao mercado.
Apesar de crescer nas pesquisas, os desafios para Marina persistem, destaca o Times. O jornal cita, por exemplo, que a campanha de Dilma tem um caixa de US$ 55 milhões, cerca de cinco vezes a mais do que a da candidata do PSB. Além disso, ataques à Marina ganharam força nas últimas semanas, barrando o crescimento dela nas pesquisas mais recentes, ressalta o jornal.
A reportagem destaca ainda que Marina falou pouco na campanha de como lidaria com questões diplomáticas mais sensíveis do Brasil, como a aproximação do país com a Venezuela e Cuba durante o governo do PT. O fato, porém, de que a corrida presidencial se estreitou em duas mulheres de esquerda, uma negra, ambas do governo Lula e contrárias ao regime militar, mostra a consolidação da democracia brasileira desde os anos 80, ressalta o texto.  Altamiro Silva Júnior, correspondente em Washington

Do sábado, 6 de setembro, minha mesmo
Algumas tentativas de explicação para o fraco desempenho do PT nessas eleições aqui em SP:
1) O PT sempre debatia muito quem seria candidato. Agora Lula indica e dá pouca atenção a quem teria mais chance. Agora nessa eleição ele nem cogitou na Marta Suplicy, que tem um bom público fiel. Dá nisso, mais um poste e, dessa vez, parado.
2) O desempenho horroroso de Haddad na prefeitura. Tentativa de aumento astronômico do IPTU, tibieza com as manifestações do Passe Livre, primeiro, e do MTST, depois, levando o caos ao trânsito por cerca de um ano. Criação de faixas de ônibus de forma indiscriminada, também causando grande impacto no trânsito. Criação de ciclofaixas sem qualquer estudo, debate e divulgação. Tá bom ou quer mais? Se ainda fosse a ditadura, ele seria aquilo que era chamado de "tecnocrata".
3) Finalmente, o péssimo desempenho da economia, que começa a ser reconhecido (antes tarde que nunca!!) até pela presidente Dilma...
Então, não venha o Lula cobrar onde estão os homens e as mulheres do PT...A cúpula do PT passou os últimos anos virando os olhos para cobranças e soltando os blogueiros fiéis contra quem levantava questões assim...

Do Valor, em 4/9/14


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The Economist: Marina precisa provar capacidade de governar

Por Valor
SÃO PAULO  -  Em ampla reportagem divulgada nesta quinta-feira, a revista britânica “The Economist” diz que é cada vez mais provável que Marina Silva vença as eleições presidenciais no Brasil, mas ressalta que ela precisa provar que será capaz de governar o Brasil. 
Segundo a matéria, que relembra a trajetória política da candidata, “Marina Silva não é nenhuma novata na política brasileira. Ela foi uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores (PT), ministra do Meio Ambiente no governo de Luiz Inácio Lula da Silva e ficou em terceiro lugar na corrida presidencial de 2010”. 
A revista afirma que a candidata tem apelo na parcela mais pobre da população, de onde veio. Ela também ganhou a simpatia dos mercados, que gostam de sua plataforma econômica ortodoxa, e dos brasileiros comuns, que têm um “um profundo desejo de mudança” depois do longo governo do PT. 
A reportagem lembra, no entanto, que Marina precisa superar duas preocupações em relação à sua conduta, caso vença as eleições de outubro. “A primeira é a reputação de intransigência, que tornaria difícil governar o Brasil, onde a coalizão multipartidária é a norma. Marina renunciou ao cargo de ministra do meio ambiente em 2008 por causa da oposição às políticas verdes, mas, em princípio, ela não poderá largar o Planalto. Sua fé petencostal faz com que não seja liberal em algumas áreas: recentemente, ela tirou do programa de governo o apoio ao casamento gay. Apesar disso, Marina parece ter se tornado mais pragmática e tem se articulado bem com os empresários, diminuído sua hostilidade contra os grandes projetos hidrelétricos”. 
Ainda de acordo com a revista, a segunda preocupação está relacionada à experiência executiva de Marina. A publicação lembra que enquanto Dilma Rousseff já é presidente e Aécio Neves governou Minas Gerais durante anos, há dúvidas sobre como seria a administração de Marina e sobre seus poucos conhecimentos econômicos. 
Segundo a reportagem, formar uma equipe econômica pode ser um ponto bastante delicado. “Eduardo Giannetti, um acadêmico respeitado que costuma ser consultado pela candidata, não deseja ocupar um posto ministerial. Armínio Fraga, ex-presidente do banco central e guru econômico de Aécio Neves, nega, até o momento, interesse em assumir o Ministério da Fazenda”. 
A “The Economist” diz ainda que “Marina precisa explicar como pode governar o Brasil. No momento há pouca substância e muita conversa sonhadora sobre a nova política. No final, os eleitores do Brasil terão de fazer uma escolha entre a Rousseff sem brilho, o Aécio amigável aos negócios ou apostar na emocionante, mas obscura, Marina Silva”. 


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Do Lauro Jardim, hoje, 21/8/14

O mercado financeiro, Marina e as seis balas do revólver

Marina: questão de embalagem
Marina: mais aceitação pelo mercado
Um banqueiro de investimentos, daqueles que gostaria de Aécio Neves subindo a rampa do Palácio do Planalto em janeiro de 2015, analisava o novo quadro eleitoral ontem à tarde desta forma:
- Prefiro a Marina à Dilma. A Marina é uma roleta-russa: quando você apertar o gatilho pode ou não matar. Já a Dilma é um revólver carregado com as seis balas. Não há chance de escapar. É morte certa.
O mercado financeiro prefere Aécio Neves, mas já aceita Marina Silva. Ainda espera, porém, alguns acenos de Marina ao longo da campanha.
Por Lauro Jardim

Do Lauro Jardim, hoje, 18 de agosto de 2014


13:32 \ Eleições 2014

Conversa entre Campos e Lula: o dia em que o pernambucano não ouviu o ‘sim’ que desejava

eduardo e lula
Aliados por muito tempo
No final de 2012, Lula e Eduardo Campos se encontram num evento em São Paulo. Àquela altura, Campos, ainda governador de Pernambuco, balançava entre continuar na base aliada de Dilma Rousseff ou lançar-se candidato ao Palácio do Planalto.
Antes de decidir, queria ouvir a opinião de Lula, até então, seu fraterno aliado.
Lula trabalhou para manter o pupilo entre os seus. Argumentou que Dilma tinha direito a uma reeleição, como ocorreu com ele próprio e com FHC.
Na cartada final, Lula disse que o candidato mais forte do país era ele e, mesmo assim, não entraria na disputa para dar a chance de Dilma tentar concluir seus oito anos.
Seguiu, afirmando que Campos ainda era jovem, reconhecendo o direito legítimo de querer pensar em Presidência da República, mas pediu que esperasse, acenando com uma promessa:
- No próximo governo, podemos construir para que você assuma uma ministério de destaque, onde possa aparecer e sedimentar seu nome. Em 2018, certamente você será um dos quadros mais fortes do nosso time.
Campos, então, foi mais objetivo:
- Presidente, então o senhor pode me assegurar que serei seu candidato em 2018?
Lula não entregaria os pontos com tanta antecedência:
- Eduardo, você será nosso candidato se, daqui seis anos, for o melhor candidato que temos.
Dava-se ali um capítulo determinante do voo solo de Campos, que pouco tempo depois desembarcaria do governo e se lançaria como adversário de Dilma nas eleições deste ano.
Por Lauro Jardim

Vale a leitura, da edição online da Piauí



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Meus voos com Campos

Repórter da piauí relata suas viagens com o candidato
por DANIELA PINHEIRO
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Entre abril e junho, viajei com o candidato Eduardo Campos e seus assessores em inúmeras ocasiões. Passamos por várias cidades do país no jatinho da campanha, mas também em vans, carros e ônibus alugados.
O avião apertado, de apenas seis lugares, os bancos de couro cor de creme e o mobiliário de madeira escura com detalhes dourados davam a impressão de estarmos numa versão miniaturizada de Las Vegas. Eu brincava que já tinha andado em jatinhos melhores na vida – como o do cartola Ricardo Teixeira, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, ou o usado pelo pastor evangélico Silas Malafaia, que eu também havia perfilado em reportagens para a piauí. Campos respondia com humor: o seu Partido Socialista Brasileiro era tão coerente que até o avião tinha “um ar socialista”. Ao que parece, não era a mesma aeronave de doze lugares que caiu hoje pela manhã em Santos.  
Nas viagens de que participei estavam sempre o secretário particular, Rodrigo Molina (ausente do fatídico voo), o assessor de imprensa, Carlos Percol, e um dos principais assessores da campanha, o ex-deputado Pedro Valadares, a quem eu conhecia havia mais de vinte anos. Como Campos, os dois morreram na tragédia, ao lado do fotógrafo Alexandre Severo, do cinegrafista Marcelo Lyra e dos pilotos Marcos Martins e Geraldo da Cunha.
Desde a primeira viagem de campanha, Pedro Valadares colecionava fotos dos passageiros dormindo no avião. Mostrava, orgulhoso, os flagras constrangedores armazenados no celular. Um deles babando, outro com o botão da camisa desabotoado na altura do umbigo, um terceiro de boca aberta. Gravara, inclusive, alguns roncos dos viajantes. A ideia, ele dizia em tom jocoso, era produzir um vídeo com as melhores babadas da campanha. Ironicamente, ele era de todos o que mais dormia.
Com quase 1,90 de altura, Campos encurvava todo o corpo, mas quase sempre dava uma topada com a testa no teto do avião antes de se acomodar na primeira cadeira do lado esquerdo. Quando eu estava junto, ele pedia para eu me sentar à sua frente, de modo que pudéssemos nos ouvir melhor. Mas o espaço não era suficiente para os dois pares de pernas. Ele então se colocava na diagonal da cadeira, esparramando as próprias pernas pelo corredor estreito.
Sempre reclamava da comida a bordo. “De novo esse sanduíche safado? Quando é que esse partido vai melhorar e vai comprar pelo menos um micro-ondas para pôr nesse avião?”, dizia, fingindo indignação. Ir ao minúsculo banheiro, no fundo da aeronave, só em caso de muito aperto. A porta era fina como um papel. Rodrigo Molina viajou sentado na tampa do sanitário em uma ocasião para me ceder lugar no voo. O candidato usava as viagens para despachar, mas era também quando se transformava no centro das atenções. Comandava o arsenal de histórias e casos hilários, contados com picardia, e costumava brindar os passageiros com imitações de sotaques, tons de voz e expressões típicas do retratado. O de Dilma Rousseff era um must; o de Roberto Amaral, vice-presidente do PSB, outra  pérola. Mas a imitação de Lula mereceria um Oscar.
Uma vez, quando estávamos no quinto compromisso do dia, embarcando para Campina Grande, na Paraíba, ele me perguntou: “Tu tem gêmea?” Fiz cara de quem não havia entendido. “Porque para onde eu olho tem uma de tu me seguindo”, falou, emendando uma gargalhada muda com os enormes olhos azuis cor de piscina arregalados.
A equipe da campanha costumava ser muito bem-humorada. “Amiga, me passa o amendoim”, pedia Valadares a Percol, que devolvia com um “só se você pedir com amor, colega!” Seguia-se uma gaitada geral no avião.
Em uma ocasião, fiz uma foto de Campos enquanto ele ouvia, com o celular colado na orelha, o discurso de um vereador sergipano que falava abobrinhas, numa performance de humor involuntário. Seguiram-se mais quatro ou cinco vídeos com piadas. Aquele era um grupo que visivelmente se gostava. Pareciam todos genuinamente satisfeitos com que estavam fazendo.
Como Campos se benzia antes de levantar voo, perguntei certa vez se tinha medo de avião. “E quem não tem, oxe?”, respondeu, logo acrescentando que quem medrava de verdade era o “argentino”, referindo-se ao marqueteiro Diego Brandy. Durante as turbulências, quando todo mundo dava aquela ajeitada na cadeira e olhava para fora da janelinha, Campos se mantinha impassível.
Da última vez que nos vimos – durante a convenção que lançou sua candidatura à Presidência, no final de junho, em Brasília –, tenho viva a imagem de sua família na primeira fila do evento, ouvindo atenta o discurso do candidato. Os filhos – ainda tão jovens – comentavam entre eles as frases do pai, sorriam, aplaudiam e acenavam para os correligionários. Ao lado deles, sua mulher Renata, que segurava o caçula no colo, seguia vidrada na figura do marido.
Ontem à noite, troquei mensagens com Carlos Percol depois da entrevista que o candidato concedeu ao Jornal Nacional, da Globo. Comentei que Campos havia se saído bem. Na última das mensagens, Percol respondeu com a figurinha de um polegar em riste. Foi para o número dele que passei a ligar com insistência assim que começaram os boatos do acidente hoje pela manhã. Em seguida, tentei muitas vezes o celular de Valadares. Caíram todos na caixa postal.

Do Valor, em 07 de agosto de 2014


 7

Brasileiro vê risco de racionamento de energia ainda neste ano

Por Camilla Veras Mota | Valor
SÃO PAULO  -  Três em cada quatro brasileiros temem que haja necessidade de racionamento de energia ainda em 2014, aponta pesquisa do Ibope realizada a pedido da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).
De acordo com a versão parcial do estudo, entregue em evento promovido pela associação em São Paulo, 88% dos mais de dois mil entrevistados disseram apoiar uma campanha imediata de conservação de energia e quase 80% afirmaram que gostariam de ter a possibilidade gerar eletricidade em suas residências, por meio de placas fotovoltaicas ou de equipamentos eólicos.
No levantamento realizado entre 17 e 22 de junho, 66% dos entrevistados manifestaram o desejo de que a conta de luz também estivesse sujeita à portabilidade, como já acontece no setor de telefonia, motivados pela possibilidade de redução dos preços das tarifas. Do total, 57% estariam dispostos a realizar a troca imediatamente. 


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DA FSP  em 24 de junho




















Por que seu vizinho grita gol antes de você?


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Em tempos de Copa do Mundo, poucas coisas são tão irritantes como ver o atacante armando uma jogada fulminante na sua televisão enquanto o chato do vizinho já está se esgoelando com o gol.
O problema acontece em razão das diferentes formas de transmissão disponíveis hoje –antigamente todos torciam unidos pelo sinal analógico e o bombril na antena que supostamente o turbinava. As transmissões digitais, mais lentas, acabaram com a sincronia da gritaria.
Os atrasos acontecem porque o sinal digital passa por um processo de codificação, compressão e decodificação, fazendo com que leve mais tempo para chegar às casas.
No analógico, as imagens e o áudio dos jogos são entregues quase diretamente ao telespectador.
Entre os meios digitais, também há diferenças. Imagens em HD, por exemplo, são mais "pesadas", por isso demoram mais para chegar.
Em 2012, um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas para Matemática e Ciências da Computação da Holanda afirmou que pode haver até cinco segundos de atraso entre os diferentes tipos de transmissão. Mas esse número pode variar bastante.
"É possível medir os atrasos, mas as medidas envolvem muitos parâmetros. Não é tão simples fazer uma comparação objetiva, que não seja sujeita a vários aspectos, que vão desde a localização dos transmissores e receptores ao tipo de serviço", explica Mônica Rocha, professora da área de telecomunicações do departamento de engenharia elétrica e de computação da USP em São Carlos.
Para quem preferir assistir aos jogos por streaming pela internet, prepare-se para esperar ainda mais para gritar gol. Nessa forma de transmissão, acrescente o processo pelo qual o sinal passa para ser carregado no computador, o que depende também da velocidade da conexão.
Em testes realizados pela Folha durante o jogo do Brasil desta segunda-feira (23), a transmissão pela internet da Rede Globo estava cerca de 25 segundos atrasada em relação à TV a cabo.
Como evitar isso? De forma geral, quanto mais novos os equipamentos envolvidos no processo da transmissão digital, menor será o atraso. O certo, porém, é que nunca mais torceremos como antes.
"Querer que o atraso não ocorra, ou não seja percebido, é utopia", afirma Rocha. 

Editoria de Arte/Folhapress


Ontem, domingo, fui a um aniversário para, entre outras coisa, rever um dos convidados habituais, sogro do meu irmão. Fazia tempo que não o via e ele é um defensor quase intransigente do PT. Pois bem. Disse que não vai votar na Dilma. Disse que pode não votar nos outros dois mais famosos, mas a Dilma não leva mais o voto dele. Preocupante para o PT. E disse mais: que a Dilma vai perder.
(19/5/2014)



Do sempre lúcido Guga Chacra (que podia responder meus tuítes), ontem, no blog dele.


12.maio.2014 12:02:22

Entenda a diferença entre a direita multicultural-liberal e a direita jeca-conservadora

Há pelo menos duas direitas hoje no mundo. A primeira é a direita defensora do livre-mercado, das liberdades individuais e de um mundo multicultural. Esta direita combate o preconceito religioso. Defende que pessoas do mesmo sexo possam se casar. É a favor da legalização de imigrantes sem documentos. E não quer se intrometer no que cada um consuma dentro de sua propriedade privada, desde que não viole a liberdade e a segurança dos outros.
A segunda é a direita jeca, provinciana, islamofóbica (anti-muçulmana), antissemita, ultrapassada, homofóbica. Defende uma política fracassada de combate ás drogas. Quer deportar imigrantes. E não suportam e atacam muçulmanos mesmo sem, muitas vezes, terem visto um muçulmano ao vivo. Vai do Tea Party nos EUA (a ala conservadora, não a libertária), ao regime saudita (neste caso coloque judeus e cristãos no lugar de muçulmanos) e Putin.
No Brasil, como escrevi em um post ontem, por algum motivo alheio à minha imaginação, combater a islamofobia virou sinônimo de esquerda. Isso mesmo se a pessoa for da direita multicultural, defensora do livre-mercado e sempre crítica de governo de esquerda em qualquer lugar do mundo. E virou sinônimo de direita ser islamofóbico. Parece que alguns acham bacana atacar muçulmanos.
Mas, na realidade, quem ataca a islamofobia (combate o preconceito contra os muçulmanos) pode ser da direita multicultural, mais associada ao Silicon Valley e a Nova York. Não existe relação entre defender o livre-mercado e as liberdades individuais e atacar os muçulmanos.
 Apenas ressalto, como já deixei claro aqui no blog,
1)   não é verídica a informação de que muçulmanos matam 100 mil cristãos por ano
2)   todas as principais entidades islâmicas do mundo condenam o terrorismo em nome do islamismo
3)   Todos os países de maioria muçulmana condenaram o 11 de Setembro (menos o Afeganistão)
4)   todas elas deixam claro que grupos como o Boko Haram e Al Qaeda não representam o islamismo
5)   Todos os países de maioria muçulmana combatem o terrorismo e quase todos em parceria com os Estados Unidos
 Para esclarecer, coloco o depoimento do meu amigo Samer Shousha, brasileiro e muçulmano, que faz PhD em economia na Columbia em Nova York – mesma universidade onde fiz mestrado em Relações Internacionais. Além da Columbia, Samer é formado em engenharia mecatrônica pela Poli-USP e tem mestrado em economia na PUC_RJ, tendo trabalhado por anos no mercado financeiro. Fluente em árabe, inglês e espanhol, apaixonado pelos EUA, pelo Egito, onde nasceram sus pais (e ele é extremamente crítico da administração da economia egípcia), e pelo São Paulo Futebol Clube (também critica o time do Morumbi), ele dá um depoimento curto, mas necessário
 “Sou muçulmano, de direita e estudante de PhD em Economia na  Universidade Columbia de Nova York, uma instituição que prima pela ortodoxia em economia. Logo, aos que escrevem barbaridades para atacar os muçulmanos, dou a sugestão que dou a meus alunos: estudem mais antes de ter opiniões preconceituosas (na acepção do termo) e entendam, de uma vez por todas, que ser de uma religião, torcer para um clube, etc, não determina se uma pessoa é melhor ou pior que a outra. Todo grupo tem pessoas ótimas, boas e ruins, o que não pode acontecer é só ressaltar as atitudes de poucos ruins em detrimento, nesse caso, de 1/4 da população mundial. Acho que com isso teremos um mundo que tolere melhor diferentes visões de mundo e onde tenha-se mais respeito por opiniões divergentes.”

Do Estadão em 04 de maio de 2014


Sem lenço, sem documento

Haitianos foram iludidos pela propaganda de uma prosperidade que não está à altura de absorver excedentes populacionais

04 de maio de 2014 | 2h 07

José de Souza Martins* - O Estado de S.Paulo
É compreensível o nervosismo do governo do Acre com a ingrata tarefa de literalmente deportar para São Paulo os imigrantes senegaleses, dominicanos e, predominantemente, haitianos que atravessaram a fronteira do Brasil com a Bolívia e estão se amontoando em Brasileia. O Acre é um Estado pobre e sem condições de emprego para assimilar da noite para o dia milhares de pessoas que lá buscam refúgio simplesmente porque a fronteira é vulnerável. O ingresso de estrangeiros em território brasileiro é uma questão federal. O problema social e humano desses imigrantes só se configura porque, nessa questão, o governo do Acre foi abandonado à própria sorte pelo governo da União. Talvez desse melhores resultados espernear em Brasília, que se omite, do que em São Paulo, que improvisa às pressas o recebimento dos inesperados chegantes. Certamente, não é política de acolhimento de imigrantes nem é política de imigração a de fretar 50 ônibus para transferir o problema do Acre para a capital paulista.
Imigrantes acolhidos na Igreja da Paz, no Glicério - Sérgio Castro/Estadão
Sérgio Castro/Estadão
Imigrantes acolhidos na Igreja da Paz, no Glicério
Louve-se a Congregação dos Missionários de São Carlos Borromeu, a dos padres scalabrinianos, que, na sua Igreja de Nossa Senhora da Paz, na Baixada do Glicério, estão fazendo o que podem para acolher e abrigar os imigrantes e ajudá-los a obter documentação e emprego. Os carlistas têm mais que secular história de apoio e acompanhamento de migrantes e imigrantes em todo o mundo. A tradição de sua generosidade missionária no Brasil é conhecida. Sorte que, acima do descabido bate-boca que o governo petista do Acre trava com o governo tucano de São Paulo e com a administração municipal petista da cidade, tenham os refugiados encontrado abrigo e apoio na Pastoral dos Migrantes. Não fosse isso, estariam passando por maus momentos.
O Brasil tem uma história de recebimento organizado e racional de imigrantes estrangeiros que começou com a preparação da abolição da escravatura, no século 19. Particularmente São Paulo, a província cuja economia poderia ser mais afetada pelo fim da escravidão, organizou na Europa o recrutamento de imigrantes e preparou aqui a infraestrutura de acolhimento com a edificação da Hospedaria dos Imigrantes, inaugurada em 1888. Por ali passaram dezenas de milhares de imigrantes estrangeiros, e mesmo nacionais, destinados aos cafezais paulistas. Foi aquele o primeiro endereço de tantíssimos oriundi, cujos filhos nasceriam brasileiros e eles próprios se tornariam brasileiros com a naturalização geral efetuada pela República. Cidadãos ilustres e brasileiríssimos dos nossos dias descendem de avós que dormiram sua primeira noite de Brasil no que é hoje o Memorial da Rua Visconde de Parnaíba, na Mooca.
Mas o Brasil sabia o que estava fazendo com sua política imigratória bem organizada, que se estenderia, em São Paulo, até os primeiros anos posteriores ao fim da 2ª Guerra Mundial. Foi quando recebemos inúmeros imigrantes e migrantes, ali mesmo na hospedaria, trabalhadores qualificados, já não para puxar enxada entre as leiras de café, mas para o trabalho especializado nas fábricas do boom industrial dos anos 1950.
O que mudou no fluxo imigratório de agora é que já não se trata de imigrantes à procura da prosperidade do café ou da indústria, mas de imigrantes que buscam refúgio da miséria de países de economias arruinadas. Foram iludidos por uma propaganda internacional de prosperidade que de fato aqui não houve nem há na escala capaz de absorver excedentes populacionais de outros países. Muita gente alcançada pelo noticiário ufanista, até mesmo em países prósperos, ficou encantada com o suposto salto quase milagroso de multidões ontem famintas para uma classe média consumista, beneficiadas por um programa de ficção política, o Fome Zero. Na verdade, ilusão gerada pelos poucos reais de programas como o Bolsa Família, que permitem empurrar, estatisticamente, pobres dos estratos econômicos inferiores para estratos médios, o que está muito longe de configurar ascensão social e menos ainda a classe média.
Um documentário sobre haitianos levados para cidades médias de Santa Catarina, para trabalhar na indústria têxtil e de vestuário, mostra o desapontamento de alguns ao chegarem ao lugar de destino e descobrirem que não estavam chegando a uma Nova York dos trópicos. Embora sejam excelentes cidades, com um nível de vida muito bom, como é próprio daquela região, ficou evidente a súbita descoberta do engano.
Para compreender o cenário de uma imigração como essa, não se pode deixar de levar em conta o que tem ocorrido com os bolivianos em São Paulo há um bom número de anos: o trabalho servil na indústria de confecções reiteradamente constatado e combatido pelos fiscais do trabalho. Que, no entanto, não cessa. Se considerarmos o que acontece com os africanos clandestinos na Espanha e na Itália, fica evidente que falta um acordo internacional para criar alternativas de vida e de trabalho nos países de onde tentam escapar e esperam encontrar em países como o Brasil.
*José de Souza Martins é sociólogo, professor emérito da Faculdade de Filosofia da USP, autor, entre outros, de A sociologia como aventura(Contexto). 


Do caderno New York Times da FSP de 22/4/14


Brasil grandioso se desfaz
Por SIMON ROMERO
Paulistana, Piauí
O Brasil injetou bilhões de dólares na construção de uma ferrovia que atravessa terras áridas, mas o projeto totalmente atrasado hoje atrai ladrões de metal.
Novos prédios públicos curvilíneos projetados pelo famoso arquiteto Oscar Niemeyer foram abandonados logo após a construção.
Houve até um malfadado museu de extraterrestres criado com verbas federais.
Hoje, seu esqueleto, em Varginha, Minas Gerais, parece um navio perdido em meio a ervas daninhas.
O Brasil acumula uma lista de atrasos, alguns causados por acidentes fatais em obras e orçamentos estourados.
O país está montando sistemas de ônibus e trens para os espectadores, mas eles só ficarão prontos bem depois do término da Copa.
Os projetos para a Copa do Mundo, porém, são apenas parte de um problema maior que atrapalha as ambições do Brasil: diversos projetos faraônicos concebidos quando o crescimento econômico era pujante, mas que hoje estão abandonados ou suspensos, ou com preços muito acima do orçamento inicial. As construções visavam simbolizar a ascensão aparentemente inexorável do Brasil.
Mas agora que o país vive uma ressaca, tais projetos expõem seus líderes a críticas intimidadoras. Alguns economistas dizem que essas obras revelam uma burocracia paralisante, a alocação irresponsável de recursos e bastiões de corrupção.
Há protestos nas ruas contra os novos estádios caríssimos em construção em cidades como Manaus e Brasília, que evidentemente terão pouca utilidade após o término da Copa do Mundo, por escassez de torcedores. "Os fiascos se multiplicam e revelam uma desordem que, lamentavelmente, é sistêmica", disse Gil Castello Branco, diretor da ONG Contas Abertas, que examina orçamentos públicos. "Estamos acordando para a realidade de que recursos imensos são desperdiçados em projetos extravagantes, ao passo que nossas escolas públicas ainda são péssimas e falta saneamento básico em nossas ruas."
A lista crescente de projetos de desenvolvimento problemáticos inclui uma rede de canais de concreto de US$ 3,4 bilhões no sertão nordestino assolado pela seca, que deveria ter sido concluída em 2010. Além dessa rede, há dezenas de novos parques eólicos inativos devido à falta de linhas de transmissão e hotéis de luxo inacabados que estragam a paisagem urbana do Rio de Janeiro. Economistas consultados pelo Banco Central calculam que o crescimento do Brasil será de apenas 1,63% neste ano, uma queda radical em relação à taxa de 7,5% em 2010, o que torna 2014 o quarto ano de baixo crescimento.
O rebaixamento da classificação de crédito do Brasil pela agência Standard & Poor's, em março, foi motivado pelas estimativas de desaceleração econômica.
O fato de que haverá eleições este ano complica a situação do governo. Uma pesquisa de opinião no mês passado mostrou que o apoio à gestão da presidente Dilma Rousseff caiu de 43% em novembro passado para 36%, pois a economia continua apática.
Apoiadores de Rousseff afirmam que os gastos públicos têm ajudado a manter as taxas de desemprego em patamares tão baixos que chegam a ser históricos.
Luiz Inácio Lula da Silva, mentor político de Rousseff e seu antecessor na Presidência, colocou muitos projetos em andamento durante sua gestão, de 2003 a 2010. Em entrevista recente, ele afirmou que antes de seu governo o Brasil passara décadas sem investir em obras públicas, de modo que uma retomada era essencial. Mesmo assim, um coro crescente de críticos argumenta que a incapacidade de concluir grandes projetos de infraestrutura comprova a fraqueza do modelo de capitalismo estatal do Brasil.
Segundo eles, em primeiro lugar, empresas, bancos e fundos de pensão sob controle estatal têm muita influência e investem em projetos mal elaborados.
Depois, outros bastiões da burocracia pública entravam projetos por meio de auditorias e ações judiciais. "A verdade é que alguns empreendimentos jamais deveriam contar com dinheiro público", disse Sérgio Lazzarini, economista do Insper, uma escola superior de administração, economia e direito em São Paulo, apontando os milhões em financiamento estatal para a reforma do Hotel Glória no Rio, que até recentemente pertencia ao magnata Eike Batista.
A reforma não será concluída a tempo para a Copa do Mundo, pois o império de Batista ruiu no ano passado. "Para projetos de infraestrutura que merecem apoio estatal e o conseguem, ainda há a tarefa de lidar com os riscos criados pelo próprio Estado." A Transnordestina, uma ferrovia iniciada em 2006 no Nordeste do Brasil, ilustra algumas das dificuldades que rondam os projetos.
Com conclusão prevista para 2010 a um custo de cerca de US$ 1,8 bilhão, a ferrovia, que deveria se estender por mais de 1.600 quilômetros, agora deverá ter um custo de pelo menos US$ 3,2 bilhões. Autoridades dizem que ela será concluída por volta de 2016, porém, com os canteiros de obras abandonados devido a auditorias e outros reveses, até mesmo esse prazo parece otimista.
"Ladrões estão roubando metal nos canteiros de obras", disse o eletricista Adailton Vieira da Silva, 42, que trabalhou com milhares de operários até a paralisação da obra no ano passado. "Agora só há essas pontes no meio do nada." O ministro dos Transportes no Brasil, César Borges, mostrou-se desesperado com os atrasos na obra da ferrovia, que é necessária para escoar a soja até os portos.
Ele mencionou as fontes de burocracia que retardam os projetos: o Tribunal de Contas da União; a Controladoria-Geral da União; o Ibama; o Iphan; agências que protegem os direitos dos povos indígenas e dos quilombolas; e o Ministério Público. Lula, que supervisionou o início da obra da Transnordestina há oito anos, foi franco sobre o papel do Partido dos Trabalhadores (PT), que outrora era a oposição no Congresso, em relação aos atrasos. "Nós criamos uma máquina de supervisão que é a maior do mundo", disse. "Quando você está na oposição, quer criar entraves para os que estão na administração, mas esquece que um dia poderá estar no poder", concluiu.

    Do Noblat, hoje, 21 de abril


    COMENTÁRIO

    CPI neles!, por Ricardo Noblat

    E continua a troca indireta de chumbo entre Dilma e Lula.
    Ligada a Dilma, Graça Foster, presidente da Petrobras, reconheceu que foi um mau negócio para a empresa a compra em 2006 da refinaria Pasadena, no Texas. Deixou um rombo de meio bilhão de dólares.
    Ligado a Lula, José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, replicou que Dilma não pode “fugir de sua responsabilidade” na compra da refinaria.
    Era Lula o presidente do Brasil quando Pasadena foi comprada.
    De princípio, apenas pela metade da refinaria, a Petrobras pagou praticamente o que o grupo belga Astra Oil havia pagado por ela inteira.
    Quando o negócio foi fechado, era Dilma a ministra-chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

    Foto: AFP

    “Não posso fugir da minha responsabilidade do mesmo jeito que a presidente Dilma não pode fugir da responsabilidade dela, que era presidente do conselho”, disse Gabrielli em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
    E completou, dando mais uma estocada em Dilma: “Nós somos responsáveis pelas nossas decisões”.
    É grande o desconforto de Lula e de Dilma com a exposição pública de mazelas da Petrobras.
    De Lula porque foi nos oito anos de governo dele que avançou o processo de loteamento político de cargos na Petrobras – e tudo isso está vindo à luz agora. De Dilma porque o Caso Pasadena atingiu em cheio sua imagem de gestora notável.
    Lula saiu do governo com 80% de aprovação. Nega que pretenda voltar já – talvez daqui a quatro anos. Está pronto, contudo, para entrar em campo se Dilma teimar em perder cada vez mais pontos nas pesquisas sobre intenção de voto.
    O sonho de Dilma é o de se reeleger. Lula e Fernando Henrique Cardoso se reelegeram. Por que ela, não?
    Dilma como a mãe do Programa de Aceleração do Crescimento foi uma invenção de Lula. Como uma espécie de primeira-ministra foi uma invenção de Lula. E como melhor administradora do que ele foi uma invenção de Lula.
    Vote na mulher de Lula – eis a poderosa sugestão da propaganda que empurrou Dilma ladeira acima.
    Pasadena empurra Dilma ladeira abaixo.
    Onde se viu transação bilionária ser tratada de maneira tão descuidada e apressada como foi a de Pasadena?
    Ao longo de seis anos, a Petrobras desembolsou algo como U$ 1,2 bilhão pela refinaria cujo valor atual de mercado é de U$ 200 milhões.
    Gestão temerária? Para dizer o mínimo. A conferir.
    Vejam só: num dia, os membros do Conselho de Administração da Petrobras receberam o resumo técnico de uma página e meia da documentação completa de mais de 400 páginas referente ao negócio.
    No dia seguinte, aprovaram o negócio. A documentação completa esteve à disposição deles. Por que não a consultaram? Sabe-se lá...
    Sabe-se que, ouvida recentemente pelo O Estado de S. Paulo, Dilma alegou que se baseara num resumo técnico “falho e incompleto” para aprovar a compra da refinaria.
    O que aconteceu com o autor do resumo? Foi elogiado e transferido para outro cargo onde passou a lidar com mais dinheiro. Só há pouco perdeu o cargo. Que tal?
    A ministra Rosa Weber, do STF, decidirá, esta semana, se concede liminar para instalação de CPI exclusiva da Petrobras. O mais provável é que conceda, sim.
    CPI é direito da minoria. Uma vez que exista fato determinado e que tenham sido cumpridas as regras para criação da CPI, manda a jurisprudência do tribunal que ela seja instalada.
    E pronto.

    Do Nassif, hoje 16 de abril de 2014


    Porque Pasadena tornou-se um mau negócio

    O depoimento da presidente da Petrobras Graça Foster ao Senado – sobre o caso Pasadena – ainda não permite entender completamente a operação.
    Sua explicação para a compra da refinaria bateu com a do ex-presidente José Sérgio Gabrielli. O mercado brasileiro estava estagnado, o norte-americano era o maior do mundo e a refinaria ficava em um dos principais hubs petrolíferos dos Estados Unidos.
    Havia uma diferença de preços entre o petróleo pesado – extraído pela Petrobras – e os derivados era de US$ 10 por barril.
    Posteriormente, houve uma mudança radical no mercado internacional, com expressiva queda de consumo nos Estados Unidos, fim do diferencial entre óleo pesado e derivados e a descoberta do pré-sal alterando completamente a estratégia da Petrobras.
    A partir daí, Pasadena tornou-se desinteressante.
    Para completar, houve litígio com o sócio belga, a Astra, que não se interessou em fazer os investimentos necessários para o aumento da eficiência da refinaria. Resultou daí o exercício, pela Astra, da cláusula “put”, pelo qual ofereceu sua metade à Petrobras.
    ***
    Os novos dados trazidos por Graça Foster foram os seguintes:
    1. O investimento prévio da Astra na Pasadena não foi de US$ 42,5 milhões – como se divulgou – mas de “no mínimo” US$ 359 milhões.
    2. Além da Pasadena, a Petrobras adquiriu participação em uma trading da Astra, que detinha conhecimento sobre o mercado norte-americano, contratos firmados e licenças aprovadas. Por 50% da trading, a Petrobras pagou US$ 170 milhões. Pelos 100% US$ 341 milhões. Antes do pronunciamento, pensava-se que esses recursos se referiam aos estoques da petróleo da refinaria.
    3. No total, a Petrobras pagou US$ 554 milhões pelos 100% da Pasadena e US$ 341 milhões pela trading. Também pagou custas judiciais e investimentos adicionais da Astra. No total, US$ 1,25 bilhão.
    ***
    Pelas explicações de Graça Foster, foram as mudanças no mercado internacional que tornaram a Pasadena um mau negócio.
    Mas na carta enviada ao Estadão – que deflagrou a atual onda de denúncias contra Petrobras e especificamente contra a operação Pasadena -, Dilma Rousseff dizia que, na apresentação feita ao Conselho de Administração faltaram duas informações relevantes: as cláusulas put (pela qual um sócio tem o direito de vender sua parte para o outro) e a cláusula Marlim (que garantia uma remuneração mínima à Astra sobre os investimentos novos, que acabaram não sendo feitos).
    Cláusula put é comum nesse tipo de operação.
    Na exposição, Graça explicou que a informação que faltou foi a chamada “put price”, isto é, as regras para a fixação de preço no caso de exercício da cláusula put.
    As duas cláusulas precisavam ser informadas ao Conselho. Mas, nas condições de mercado da época, dificilmente teriam sido impeditivas para a aprovação da compra.
    ***
    Finalmente, revelou que nos dois primeiros meses do ano, a Pasadena deu um lucro líquido de US$ 58 milhões ao mês para a Petrobras.
    Parte desse lucro alto se explica. Antes disso, todo o investimento em Pasadena foi lançado a prejuízo. Com isso, do lucro atual não se abate parte do investimento, a título de depreciação. Mesmo assim, mantidas as atuais condições de mercado (se Graça Foster não se confundiu nos números), em dez meses a Pasadena poderia zerar o prejuízo.


    Dilma
    A cada dia que passa aumenta o "volta Lula". Hoje tem um longo artigo do Noblat. Ontem, um marqueteiro dizia no Twitter que, em caso de insucesso na Copa, aumentam as chances do Lula. Sexta-feira um cientista político dizia na rádio que a melhor coisa era acontecer algo com a Dilma, que a impedisse de ser candidata. Semana passada um advogado de Brasília dizia no Face que a Dilma podia se dar por satisfeita e permitir ao Lula ser candidato. Não é só ele quem deseja isso, muita gente também.


    Exagero
    Sinceramente, fiquei com pena do professor da USP que foi escorraçado da sala de aula por manifestantes que, verdade seja dita, queriam humilhá-lo.


    Do Noblat, em 24 de março de 2014


    COMENTÁRIO

    Cada qual com seu escândalo, por Ricardo Noblat

    Uma vez que venceu a batalha contra o escândalo do mensalão em 2005 e se reelegeu no ano seguinte, Lula ambicionou o terceiro mandato consecutivo de presidente da República.
    Desistiu porque não obteve apoio para a ideia sequer entre petistas cinco estrelas. De resto, sairia muito caro o preço político a pagar para mudar a Constituição e permitir que ele tentasse se reeleger outra vez. Melhor, não.
    Agora é Lula quem não quer concorrer ao terceiro mandato. Quem sabe em 2018? Sozinho, Lula é mais esperto do que toda a turma que vive ao seu redor. Com qual discurso justificaria sua candidatura à vaga de Dilma?
    Se a presidente vai bem por que abortar a chance de ela concorrer ao segundo mandato? Se vai mal parte da culpa não caberia a quem a escolheu? Não digo a quem votou nela, mas a quem a escolheu?
    E quem a empurrou goela abaixo do PT, da maioria dos demais partidos e de uma opinião pública satisfeita com o governo da época? Não foi Lula? Pois é...

    Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula

    Não adianta o PT, partidos da chamada base aliada e empresários assustados com Dilma suplicarem pela volta de Lula.
    Descarte-se a hipótese de Dilma se contentar com um único mandato. Quem chega ao poder – qualquer tipo de poder – só abre mão dele obrigado.
    Os demais partidos da chamada base aliada sempre podem abandonar Dilma caso surja uma alternativa viável à sucessão dela. O PT não pode. Gostando ou não – e ele não gosta – irá com Dilma para a galera ou para o buraco.
    Se o destino for o buraco, Dilma ficará por lá, o PT não. Negociará seu apoio ao próximo governo. A negociação será tanto mais fácil se Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, se eleger.
    Para quem a aprecia, a política tem lá sua graça.
    Até outro dia Campos foi parceiro dos governos Lula e Dilma. Por isso o PT teme enfrentá-lo num eventual segundo turno.
    O que dizer de ruim dele que conhece a história do PT, seus pontos fortes e fracos, sua linguagem e seus truques? E, no entanto...
    No entanto, se for para perder é preferível perder para Campos. Aécio Neves (PSDB) tem outros compromissos.
    A mais recente pesquisa de intenção de voto aplicada pelo IBOPE deu Dilma na frente dos seus possíveis adversários. Se a eleição fosse hoje ela seria eleita no primeiro turno.
    Ocorre que a eleição será daqui a seis meses e pouco. Com uma Copa do Mundo pelo meio. Com uma situação econômica que já foi melhor pelo meio. E com cerca de 60% dos brasileiro desejando mudança - total ou parcial.
    Ainda haverá pelo meio o escândalo da compra de uma refinaria no Texas. Tendo custado US$ 42,5 milhões a uma empresa belga, a refinaria foi vendida à Petrobras por US$ 1,2 bilhão.
    O tamanho do escândalo que aflige Dilma está longe de poder ser comparado ao tamanho do escândalo que afligiu Lula há quatro anos. Mas cada qual tem seu escândalo.




    Essa vem do Lauro Jardim, com data de 22 de março


    7:34 \ Governo

    Lula critica Dilma

    dilma e lula
    Críticas à pupila
    Impressionou aos empresários presentes ao almoço com Lula, promovido pelo Merrill Lynch na quarta-feira passada, a sem-cerimônia com que o ex-presidente foi crítico ao estilo Dilma. Disse Lula lá pelas tantas:
    -Já falei para a Dilma que ela não pode ser chefe da Casa Civil, mas, sim, presidente da República. Tem que delegar. Tem que ser mais líder e menos general.
    No mesmo almoço, depois de reclamações sobre a distância que Dilma cultiva com o empresariado, Lula mandou essa:
    - Já disse para ela se aproximar. Tem que fazer discussões como essa nos próximos dois meses…  Antes que seja tarde demais.
    Alguns dos maiores empresários e investidores do país estavam presentes neste almoço.
    Lula arranjou espaço também para censurar a comunicação do governo com a sociedade. Neste quesito, Guido Mantega foi citado nominalmente.
    E não se pense que Lula estava em dia de só descer a borduna. Quando um empresário o questionou sobre a Venezuela, fez questão de ser compreensivo com o companheiro Maduro.
    Por Lauro Jardim


    O beco sem saída da Apamagis

    A Apamagis tem um sério problema: juízes estão saindo porque consideram alta a mensalidade. NA verdade, considerada isoladamente, a mensalidade está no mesmo pé da associação dos promotores, que muitos consideram ter um valor menor que o nosso.

    O problema está nos extras, nos "penduricalhos". Nós temos: a) CCH, b) AMB (coisa que eles não tem; a entidade nacional deles é custeada pelas associações), c) compra da sede social (eles não tem); d) pecúlio. Somando tudo isso o custo aumenta bem.

    O CCH tem uma finalidade útil e quem já usou reconhece seu valor. Ele paga procedimentos não pagos pelos planos de saúde. Tem um custo, mas é módico.  A compra da sede social ainda vai ter mais uns 3 anos de rateio extra.

    O que pega é o pecúlio. Cada vez que um associado morre, a associação paga uma quantia para sua família. Ano passado morreram 28 associados. Só podemos descontar 2 contribuições por mês.

    O problema é o seguinte: se o assunto for levado a uma assembléia é bem provável que o pecúlio seja mantido no formato atual. Os maiores interessados na facultatividade do pecúlio são os não associados, os que reclamam do custo. Os associados que ainda permanecem pagando podem ter interesse no mesmo, o que é o meu caso, apesar de ser pessoalmente favorável à facultatividade.

    Assim, ficamos sem saída. O assunto tem que passar por uma assembléia, mas o atual presidente já disse que não é favorável à facultatividade da contribuição. Se uma assembléia for chamada por associados descontentes, sem o apoio da diretoria, é bem certa a rejeição de qualquer proposta. A única chance de êxito de alguma proposta que traga de volta os desistentes é com a diretoria executiva formulando uma proposta e levando até a assembléia geral. Só assim a nossa associação vai deixar de continuar sangrando em praça pública.

    Uma tremenda história
































    Boeing da Varig desapareceu há 35 anos e jamais foi encontrado

    Wellington Ramalhoso
    Do UOL, em São Paulo

    • Reprodução/Folha
      Capa da Folha de S.Paulo noticia o desaparecimento do avião da Varig em janeiro de 1979
      Capa da Folha de S.Paulo noticia o desaparecimento do avião da Varig em janeiro de 1979
    Um avião Boeing decola de um aeroporto asiático, mantém contato com controladores de voo sem relatar problemas e desaparece. Essas são as semelhanças, até o momento, entre ocaso da aeronave da Malaysian Airlines, que partiu da Malásia para a China com 239 pessoas, e uma história ocorrida há 35 anos.
    Na noite de 30 de janeiro de 1979, o avião cargueiro Boeing 707 da brasileira Varig partiu do aeroporto de Narita, em Tóquio, rumo a Los Angeles. Fez contato com a base, na capital japonesa, 33 minutos após a decolagem, quando sobrevoava o Oceano Pacífico a 500 km do litoral, mas não realizou a comunicação prevista para meia hora depois.
    Acionadas, forças japonesas e norte-americanas realizaram as buscas por meses, mas a aeronave jamais foi encontrada. Trata-se, provavelmente, do maior mistério da aviação brasileira.
    O avião cargueiro voava com seis tripulantes: os pilotos Gilberto Araújo da Silva e Erni Peixoto, os oficiais Evans Braga e Antonio Brasileiro da Silva Neto e os engenheiros Nicola Esposito e José Severino de Gusmão Araújo.
    Ampliar


    Relembre os maiores acidentes aéreos dos últimos dez anos33 fotos

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    15.jan.2009 - Passageiros de voo da US Airways aguardam resgate nas asas de avião que teve que fazer um pouso forçado no rio Hudson, em Nova York, no dia 15 de janeiro de 2009. Todos os 150 passageiros e cinco tripulantes foram resgatados com vidaBrendan McDermid/Reuters

    Herói

    Gilberto Araújo era detentor da Ordem do Mérito Aeronáutico e também fora condecorado na França pela manobra que realizou no subúrbio de Paris, em julho de 1973, quando pilotava outro Boeing 707. O avião se aproximava de seu destino, o aeroporto de Orly. Mas com a aeronave em chamas, o comandante realizou um pouso em uma plantação para evitar um desastre maior.

    AVIÃO DA MALAYSIA AIRLINES DESAPARECE DURANTE VOO; ENTENDA

    O fogo havia surgido em um banheiro e se espalhado pelo material plástico que revestia internamente o avião. Cento e vinte e três pessoas morreram asfixiadas, entre elas o senador Filinto Miller e o cantor Agostinho dos Santos. Só 11 pessoas sobreviveram.
    O piloto sofreu ferimentos na cabeça e na coluna, fraturou duas vértebras e o maxilar. Ficou internado por 17 dias em Paris. Só voltou a pilotar em janeiro de 1974.
    Em 31 de janeiro de 1979, a manchete que o jornal Folha de S.Paulo estampava em sua capa reconhecia a fama de Araújo: "Piloto herói de Orly desaparece no Pacífico com Boeing da Varig".
    "Era um comandante muito experiente. Se não fosse ele [em Orly], poderia ter sido muito pior", afirma o comandante aposentado Zoroastro Ferreira Lima Filho, 83, colega de Araújo nos tempos da Varig.

    Obras de arte

    Em 1º de fevereiro, a Folha informava que o avião que decolou de Tóquio transportava 53 quadros do artista nipo-brasileiro Manabu Mabe. Avaliadas à época em US$ 1,2 milhão, as obras haviam sido expostas no Japão.
    Cada tela tinha um seguro de US$ 10 mil, valor considerado abaixo do mercado pelo artista. O Boeing transportava as pinturas para o Rio de Janeiro. Outra tripulação assumiria a aeronave em Los Angeles.
    Além das obras de arte, o avião carregava material eletrônico, aparelhos elétricos, peças para navios, peças para computadores, máquinas de costura, entre outros objetos. A carga pesava 20 toneladas.

    Incógnita

    De acordo com a reportagem da Folha, uma das hipóteses aventadas era de que o Boeing havia explodido. O mesmo texto informava que a decolagem sofrera um atraso de quase duas horas porque o avião estava em manutenção.
    No entanto, nenhum destroço do avião foi encontrado, o que impediu o avanço das investigações e deixou o caso sem conclusões. Mais de um ano depois, a Folha informava em 29 de fevereiro de 1980 que a Varig não tinha a "mínima ideia do que poderia ter ocorrido com o avião".
    "Nem a empresa nem as autoridades forneceram detalhes sobre seu desaparecimento, que depois das fracassadas buscas foi esquecido", afirmava o jornal. A nota da Folha também informava que as famílias dos seis tripulantes desaparecidos haviam sido indenizadas.
    "É uma incógnita [até hoje]. Ele vinha dando a posição certa e depois sumiu, apagou. Não deu mais notícia", diz o comandante Zoroastro. "Ficamos muito chateados. E não se chegou a conclusão nenhuma".

































    Como eu vinha apostando há tempos. Do Cláudio Humberto de hoje, 11/2/2014

    • 11 DE FEVEREIRO DE 2014
      Alguns ministros que saíram dos cargos há dias e dirigentes do PT têm em comum a certeza de que Lula trabalha para assumir a candidatura presidencial, em substituição a Dilma Rousseff. Sua intervenção para impor ministros, como Aloizio Mercadante (Casa Civil), e fazer seu grupo assumir o controle da comunicação do governo fazem parte da estratégia. A única dúvida é se tudo foi combinado com a presidenta.
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    • Deixar a barba crescer, retomando feições originais, e bater boca com a oposição, a pretexto de “poupar Dilma”, são parte do plano de Lula.
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    • Lula tem ignorado o PMDB, em suas articulações nos Estados, porque sua ideia é tornar esse partido mero coadjuvante, como PR, PP, PSD…
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    • Segundo petistas influentes, Lula deve articular a própria candidatura a presidente contando com o amigo Eduardo Campos (PSB) como vice.
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    • Parece até um jogo combinado: Eduardo Campos tem dito que jamais enfrentaria Lula nas urnas. Isso o credencia e garante a vaga de vice.


    Os petistas precisam ler artigos assim e preparar uma refutação que vá além de dizer que o autor é tucano.
    Do Estadão, 2/2/14

    'A bonança acabou, e o País precisa de um ajuste estrutural'

    Para Bacha, mudança nas condições econômicas globais leva à necessidade de um forte ajuste, que ainda está só no discurso

    02 de fevereiro de 2014 | 2h 04

    VINICIUS NEDER - O Estado de S.Paulo
    Com o fim da bonança na economia internacional, o Brasil precisa fazer ajustes estruturais para se adaptar a um novo ciclo, marcado por menos disponibilidade de financiamento externo e por entrada menor de recursos com uma redução dos preços das matérias-primas. No entanto, tudo indica que o governo atrasará os ajustes num ano eleitoral, afirma o economista Edmar Lisboa Bacha. "De 2004 a 2011, tivemos uma farra no Brasil", diz o ex-presidente do BNDES e do IBGE e um dos idealizadores do Plano Real. "Agora, essa bonança se reverteu", completa o economista, que é consultor informal do programa de governo do senador Aécio Neves (PSDB-MG). A seguir, os principais trechos da entrevista:
    O quão exposto o Brasil está à turbulência provocada pela redução dos estímulos monetários do Fed (Federal Reserve, o banco central americano)? 
    Edmar Bacha: Há dois fatores que nos afetam. Um é o "tapering" (redução da política monetária expansionista do Fed), que implica atração dos capitais que estavam investidos aqui e em outros países emergentes de volta para os Estados Unidos. É um processo que afeta todos os países emergentes dependentes do capital estrangeiro, como é o nosso caso. Há escassez de financiamento externo, que provoca um desequilíbrio nesses países, na forma de depreciação cambial e de aumento na taxa de juros que os investidores demandam para investir nesses países.
    Qual o segundo fator? 
    Edmar Bacha: A desaceleração da China, que cria uma situação que é a depreciação dos preços das commodities que exportamos. O Brasil se tornou, entre 2004 e 2011, muito dependente tanto da entrada de capital estrangeiro quanto do aumento dos preços das commodities.
    As respostas da atual política econômica estão no rumo certo?

    Edmar Bacha: O problema é que a confiança é muito importante. E o fator confiança é constituído não apenas de declarações sobre intenções, mas também do desempenho anterior. E a nossa política econômica, nesses anos todos até recentemente, estava caminhando à deriva. Quando se parte de uma situação de muita desconfiança, para gerar confiança, não bastam boas declarações em Davos. É preciso ações efetivas.
    Houve alguma mudança recente na política econômica para ela sair da deriva?
    Edmar Bacha: Houve, claramente, na política monetária, que vinha muito frouxa. De alguns meses para cá, o Banco Central (BC) começou a apertar o torniquete. Houve uma mudança de rumo muito clara, tardia, mas, enfim, correspondendo às necessidades. A questão fiscal é que ainda deixa muito a desejar e ainda está para ser definida.
    A desconfiança ficou muito forte na política fiscal, não?
    Edmar Bacha: Com certeza. O superávit primário tinha ganhado certa credibilidade no passado. Ao tentarem manipulá-lo, isso criou uma desconfiança. Além disso, começaram a usar o BNDES para fazer um orçamento paralelo, que gera despesas não computadas no Orçamento. Com essa enorme expansão do BNDES, e também da Caixa Econômica, começa a aparecer uma fragilidade crescente dessas duas instituições. Não cria uma crise financeira, mas cria a expectativa de que haverá no futuro a necessidade de uma recapitalização.
    Alguns analistas preveem que, por conta desses fatores, 2015 pode ser um ano de crise, com necessidade de ajustes.
    Edmar Bacha: De 2004 a 2011, tivemos uma farra no Brasil. Do aumento do gasto doméstico, 25% foram financiados pela entrada de capital estrangeiro e pelo aumento do preço das commodities que exportamos. Agora, essa bonança se reverteu. Os capitais deixaram de entrar e estão saindo. E os preços das commodities começaram a baixar, em vez de subir. Isso provoca a necessidade de um ajuste estrutural. Mudou a natureza do ambiente econômico, não é uma coisa episódica. Provoca a necessidade de um grande ajuste da demanda interna. É preciso fazer uma contração da demanda interna.
    O ajuste é mais penoso se feito mais via juros do que via contenção de gastos do governo? 
    Edmar Bacha: Quanto mais for de juros, mais o setor privado sofre em relação ao governo. O total do gasto é a soma do gasto privado com o gasto do governo. O aumento do juro fundamentalmente atua sobre a redução do gasto privado, enquanto que o governo tem de controlar as próprias despesas. Em cima disso, você precisa gerar mais exportações e menos importações. Isso implica que a taxa de câmbio tem de depreciar. Na hora que a taxa de câmbio deprecia, o consumo interno também tende a diminuir porque o salário real cai, os preços sobem e cria um problema de inflação.
    O governo parece disposto a fazer ajustes? 
    Edmar Bacha: A governança é muito ruim. O governo está falando que vai mudar, mas discurso só não basta. Eles estão tentando levar na conversa, mas há um problema complicado porque tem as eleições em outubro. Os ajustes necessários são penosos e certamente não são populares. Por isso, há uma crença no mercado de que serão postergados. E o que vai acontecer depois da eleição?
    As projeções indicam inflação pressionada em 2014. A campanha eleitoral pode ser marcada pela inflação, um tema que mexe no bolso do povo? 
    Edmar Bacha: O governo está contando com uma boa safra (de grãos) para manter os preços dos alimentos sob controle. Não há nada no ar (sugerindo) que ele vá ajustar o preço da gasolina de maneira significativa. E o BC está intervindo no mercado cambial fortemente para evitar uma desvalorização adicional. E eles têm bala para isso. É um conjunto de medidas de postergação dos ajustes.
    Pode haver uma crise maior em 2015? 
    Edmar Bacha: Pode ser que a Dilma surpreenda como o (ex-presidente) Lula surpreendeu em 2002, nomeando o (ex-presidente do BC Henrique) Meirelles e o (ex-ministro da Fazenda Antônio) Palocci. Nada do que ela fez até agora indica que ela vá nessa direção. Há também uma possibilidade, eu diria que de 50% a 50%, de que, em vez de Meirelles e Palocci, ela vá para o pessoal do (ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Luiz Gonzaga) Belluzzo, que está há muito tempo pedindo centralização cambial, que é o que a Venezuela e a Argentina fizeram. Nesse caso, havendo uma situação de crise, que provoca desvalorização, a resposta é: agora, só tem câmbio para quem a gente quiser. Se o Brasil embarcar nessa aventura, a situação pode ficar muito séria mesmo. Como o mercado não sabe, está fazendo apostas.
    O Plano Real completa 20 anos neste ano. Quais foram as principais lições que a política econômica brasileira aprendeu com o plano? 
    Edmar Bacha: Ficou muito clara a necessidade de se estar permanentemente preocupado com reformas, para que o País possa crescer com estabilidade. Quando essas reformas são abandonadas, como foram nos últimos dez anos, você cai nesse quadro que estamos agora, de um país doente, que produz "pibinhos". Apesar dos "pibinhos", a inflação se mantém elevada e há déficit externo. E com desindustrialização! E continua sendo um país caro, em que é difícil fazer negócios. Os investidores vêm aqui para explorar o mercado interno, mas não fazem do Brasil uma plataforma exportadora, não integram as suas operações aqui com as cadeias internacionais de valor. O Brasil é um país isolado do mundo.
    Por que o humor dos mercados internacionais com o Brasil parece ter azedado?
    Edmar Bacha: Em 2001, quando inventaram os Brics (acrônimo criado no banco Goldman Sachs para Brasil, Rússia, Índia e China), as pessoas manifestaram surpresa. Como o Brasil, tão problemático, estava no grupo dos países que vão dominar o século 21? A resposta era a governança. Tinha um governo que tinha feito a estabilização, estava promovendo reformas, enfrentou uma crise séria em 1998, a partir de 1999 criou o tripé macroeconômico e estabeleceu a Lei de Responsabilidade Fiscal. Agora, entramos nos "5 frágeis" (termo criado no banco Morgan Stanley para identificar os grandes emergentes mais vulneráveis: Brasil, Índia, Turquia, Indonésia e África do Sul). E as pessoas perguntam: como? A resposta é: falta de governança! Há decepção pelo fato de que o País, com problemas estruturais fortes, não está mais fazendo nada para resolvê-los. Em 13 anos, conseguimos sair dos Brics e entrar nos "5 frágeis", por cortesia do governo do PT. 

    Hoje, no Noblat, 27.1.14

    COMENTÁRIO

    O que o PT fala do PT, por Ricardo Noblat

    É a primeira vez que um dirigente do PT, ocupando cargo no governo, compartilha com o distinto público suas críticas ao partido e também ao governo.
    A arrogância tem sido a marca forte do PT desde que chegou com Lula ao poder federal em 2002.
    O escândalo do mensalão abalou, sim, a blindagem do partido. A proximidade de eleições gerais e as incertezas da economia aconselham que ele banque o humilde.
    Na última sexta-feira, em Porto Alegre, durante palestra no Fórum Social Temático, o secretário-geral da presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, disse que o modelo responsável por levar o PT ao poder exibe sinais preocupantes de desgaste.

    Gilberto Carvalho, secretário-geral da presidência da República. Foto: Richard Casas

    É necessário, segundo ele, debater as características de um novo projeto de governo capaz de ir além de temas “como inclusão social e distribuição de renda”.
    Nada muito diferente do que pensam nomes de peso do PSDB, o partido que governou o país nos oito anos que antecederam à ascensão do PT.
    No primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, desembrulhou-se o Plano Real, a inflação de mais de 80% ao mês do governo Sarney acabou manietada e a renda distribuída como em ralas ocasiões.
    A inclusão social começou verdadeiramente ali. Ou ali deu um salto.
    “Neste momento, nos damos conta que as conquistas importantes que tivemos estão dadas. Foram importantes, mas absolutamente insuficientes. Tivemos um processo de inclusão social inegável e devemos nos orgulhar disso. Mas temos que reconhecer que foi absolutamente insuficiente”, desabafou Gilberto para uma plateia de esquerda, a maior parte dela do PT, que não gostou nem um pouco do que ouviu.
    “A corrida veloz para o consumo não foi acompanhada de um grande debate em torno de outros valores”, observou a propósito das manifestações de rua de junho último. “Satisfeita a demanda, a exigência passou a ser por serviços de qualidade”.
    O governo foi pego de surpresa. Seu sentimento, “de certa dor e incompreensão. (...) Fizemos tanto por essa gente e ela agora se levanta contra nós”? A oposição concorda.
    Gilberto é devoto de Lula desde que se aproximou dele nos anos 80. Lula, então, era um líder sindical. Fundaria o PT em seguida.
    Em 2002, Gilberto foi seu chefe de gabinete na campanha para presidente. Uma vez no governo na condição de assessor direto e conselheiro, suportou seus palavrões e maus modos. Continua suportando. Viu Lula deixar companheiros pelo meio do caminho. Sobreviveu.
    O que faz ou diz nunca está em desacordo com o que Lula pensa e não diz. Porque não é conveniente que diga.
    Como outros dirigentes do PT, torce em silêncio pela volta de Lula, este ano ou em 2018. E para que tal ocorra, serve à Dilma sem traí-la.
    Ela subiria nas tamancas se fosse diferente. Dilma tem fama de dizer palavrões e de destratar com frequência quem trabalha com ela. Merecida fama.
    Ao criticar o PT e o governo, Gilberto antecipa parte do discurso da oposição na campanha deste ano com a esperança de esvaziá-lo.
    Discursos parecidos favorece um governo bem avaliado por mais de 40% da população.
    Se a oposição pouco ou nada tiver para oferecer de olho no futuro, a eleição será liquidada no primeiro turno. Que vá para o segundo turno como as eleições de 2002, 2006 e 2010. O governo vencerá.
    Mais de 60% dos brasileiros querem mudanças, apontou o Datafolha.
    Fica a pergunta que vale milhões de dólares: Mudanças com Dilma e o PT ou sem eles? Com Lula ou sem ele?

    Do Gerson Camarotti, hoje, 1/2/13

    De olho na reeleição, Dilma faz ação preventiva para garantir palanques

    dom, 01/12/13
    por Gerson Camarotti |


    Numa ação preventiva, a presidente Dilma Rousseff iniciou neste fim de semana uma série de reuniões com o objetivo de montar os seus palanques estaduais e ao mesmo tempo esvaziar os palanques regionais de seus dois principais rivais: o senador tucano Aécio Neves e o governador Eduardo Campos, do PSB.
    Ao lado do ex-presidente Lula, Dilma recebeu no sábado (30) primeiro os caciques do PMDB e depois as principais lideranças do PP. A reunião serviu para mapear os principais conflitos entre os partidos aliados nos estados.
    Aconselhada por Lula, Dilma decidiu antecipar as conversas para solucionar os principais problemas para 2014. E onde não for possível, a tentativa será de estabelecer um pacto de convivência. O PT quer evitar que partidos aliados liberem nos estados palanques para os adversários de Dilma.
    Em troca, as legendas governistas querem garantir a presença de Dilma e Lula nos estados com palanques duplos. Há preocupação em estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará e Paraíba. Os aliados argumentam que está na hora do PT abrir mão de candidaturas regionais em troca do apoio à reeleição de Dilma. E o PT sinalizou apoio ao candidato da família Sarney no Maranhão.
    A presidente Dilma também deixou claro que deseja uma melhor sintonia na relação entre o Executivo e o Legislativo. E aproveitou a presença dos presidentes da Câmara e do Senado para demonstrar sua preocupação com algumas votações recentes no Congresso.
    Uma coisa é certa: de acordo com um dos participantes da reunião, a essa altura do campeonato, não resta mais alternativa para o PT e o PMDB. Os dois terão que caminhar juntos em 2014. Por isso, a ordem é tentar diminuir as divergências.

    Essa eu peguei no Face, Moliterno compartilhando atualização do ex-cunhado dele. Bonito e gostoso de ler.


    • MARKETING POLÍTICO
      O outro lado da moeda
      Por Chico Malfitani em 24/09/2013 na edição 765

      Reproduzido da Revista de Jornalismo ESPM nº 6, jul/ago/set 2013

      Era uma vez um tempo em que fazer marketing político não tinha relação alguma com dinheiro, mas sim com idealismo. Falar isso hoje parece mentira, mas ele existiu, foi de verdade. A gente trabalhava para vender a nossa “verdade”, por amor à causa, por acreditar num ideal, e não em troca de uma boa remuneração.

      Eu vivi essa época. E foram os mais belos anos de minha vida. Isso entre 1984 e 1992. Quase dez anos, em que larguei a minha carreira de jornalista para fazer algo em que acreditava: propaganda política de ideias que mudariam a vida das pessoas. Afinal, não é para isso que deve servir a política? Para mudar a vida das pessoas, como hoje todos os profissionais de comunicação sugerem que seus clientes falem?

      Naquele tempo, depois de 20 anos de ditadura militar, eu, que já tinha passado pelas redações de Veja, Jornal da República, Folha de S.Paulo, Placar, e pelas TVs Globo, Bandeirantes e Record, não concordava com a injusta distribuição de renda no Brasil e queria mudanças. Após anos de trabalho, vi que em vez de ser um agente de transformações, eu estava apenas sendo um agente da manutenção do sistema. Convidado por Perseu Abramo – um dos intelectuais que ajudaram a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) em 1980 –, na condição de jornalista simpático às causas petistas, fui dar uma “olhada” no roteiro que o PT havia feito para o seu primeiro programa de TV em rede nacional. Pronto, pirei!

      Em rede nacional

      Estava ali a chance de mostrar algo diferente, a nossa versão de sociedade, mostrar o outro lado da moeda, da história. Eu era petista desde o primeiro momento, e depois dos 20 anos de censura, fazer um programa em rede nacional de TV, em uma época em que não existia TV a cabo nem internet, era uma oportunidade de ouro. Naquela segunda-feira de 1984, às 8h30 da noite, logo depois do Jornal Nacional, antes da novela, todas as emissoras do Brasil transmitiriam uma hora de programa, em que poderíamos falar livremente, sem censura, sobre as mudanças que propúnhamos para o Brasil.

      A última coisa que passaria pela minha cabeça naquele momento seria quanto eu iria ganhar com aquilo. Ou quanto eu iria perder na minha carreira de jornalista, ao me engajar de corpo e alma em um programa de TV do PT, no tempo em que muita gente acreditava que os petistas, além de serem invasores de terra, tomariam nossos apartamentos de quarto e sala, sem contar que comiam criancinhas vivas...

      Eu tinha 34 anos, com a cabeça repleta de idealismo, o coração cheio de amor pelos meus dois filhos, Rodrigo e Guilherme. Comecei a trilhar, naquele momento, um caminho de quase dez anos de muito trabalho, dedicação, engajamento e emoções que não trocaria por nada. Com tudo isso, daria para pensar em dinheiro? Claro que não!

      Li a proposta inicial do roteiro e não gostei. Achei muito duro. Tínhamos que adaptar a política à TV e não o contrário. Com alguns colegas da área, como os jornalistas Laurindo Leal Filho, Neusa Pereira, Valdir Zwetsch, e alguns outros de cujos nomes injustamente não me lembro, decidimos fazer um programa de TV agradável, para todo mundo assistir.

      Como, além de “comer crianças vivas e invadir casas”, muita gente dizia que “o Lula estava morando no Morumbi”, depois que ele havia deixado o sindicato e liderado a criação de um partido, achei que a melhor maneira de abrir aquele programa seria o ex-repórter da TV Globo, Chico Malfitani – ou seja, eu mesmo –, dizer que o PT queria mudar o Brasil e mostrar a verdadeira casa do Lula em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo.

      E assim foi feito. Mostrei o Lula apitando um jogo de futebol de garotos, na rua em que morava. Como durante um período eu havia sido repórter do Bom Dia São Paulo, e a cada dia tomava café da manhã com um entrevistado diferente, fui tomar café da manhã com Lula e Marisa. Fiz minha entrevista com eles na cozinha, no meio de seus filhos. A partir daí, o programa se estendeu por reportagens e entrevistas mostrando o que era o PT, o que ele queria e como funcionava. Laurindo se revezou comigo nas reportagens e entrevistas, mostrando a memorável Campanha das Diretas. Os ainda jovens Eduardo Suplicy, na época deputado federal pelo PT; Airton Soares, então líder do partido; e o sindicalista Vicentinho, entre muitos mais, participaram de rápidas entrevistas, fazendo revelações que o brasileiro não estava acostumado a ver e ouvir na TV. Criamos intervalos comerciais, com depoimentos de artistas, como os atores Paulo Betti e Antônio Fagundes, além de jogadores de futebol, como os líderes da democracia corintiana Sócrates e Wladimir e o artilheiro do Atlético Mineiro Reinaldo, todos apoiando o PT. Ninguém recebeu um tostão. Tudo espontâneo e por ideologia.

      Depois de todas as gravações, lembro bem que, à noite, em casa, já com os filhos dormindo, coloquei o long-play do Milton Nascimento no toca-discos para escolher as trilhas do programa. Lembro-me de ter me emocionado ao ouvir aquelas músicas.

      Autores e clientes

      O programa foi um sucesso. Luiz Fernando Mercadante, diretor de jornalismo da TV Globo, escreveu num artigo publicado no Jornal da Tarde: “Segunda-feira, 2 de julho. Em 60 minutos, o PT conseguiu prender na TV uma audiência de Copa do Mundo, com 73 pontos de Ibope na primeira meia hora. Mais que isso, pela primeira vez na história dos programas políticos, a audiência cresceu na segunda meia hora. Foi para 74 pontos. Na Globo foi de 47 na primeira, para 53, na segunda. Esses números, garanto, são mais que suficientes para construir a reputação de um autor de novela das oito, para fazer o Boni rir, feliz”.

      Qual foi o segredo? Parafraseando a dona de casa que aparece feliz nos comerciais, com a reação da família ao jantar que preparara: Foi amor! Fizemos esse e muitos outros programas de TV movidos à paixão pelas ideias. Montávamos o programa para nós, não para um cliente. Éramos os autores e os clientes. Dinheiro envolvido nisso? Nem pensar. Esse assunto nem passava pela nossa cabeça. Nada contra ganhar dinheiro, mas fazer algo em que se acredita não tem preço!

      Nesse primeiro programa do PT na TV aconteceu um caso inusitado que acabou nos ajudando muito na parte do custo de equipamento. O Tribunal Superior Eleitoral havia marcado a exibição do nosso programa para o dia 7 de maio. Naquela segunda-feira, a Globo ia exibir o primeiro capítulo da sua nova novela das 8, chamada Partido Alto. Sem nenhuma ironia. A Globo procurou o PT e ofereceu os equipamentos de captação e edição sem custo, em troca da mudança da data de veiculação do programa. O PT aceitou a oferta e deu no que deu: sucesso... sem custo. O PT não era tão radical como imaginavam. Era capaz de negociar com a Globo.

      Depois desse primeiro programa, passei a só pensar “naquilo”. Em qual seria a próxima “missão”. Claro que a minha carreira de repórter foi pra cucuia. Como um jornalista poderia aparecer num programa de TV do PT? Perderia a tal da “neutralidade” tão prezada na nossa mídia.

      Virei publicitário. Aprendi muito com os saudosos mestres Carlito Maia, que além de fundador do partido foi responsável pela criação de slogans inesquecíveis, como “Lula-lá”, “OPTei” e “Sem medo de ser feliz”, e Erazê Martinho, diretor de criação da agência McCann e petista de carteirinha. E ainda com profissionais brilhantes da área, como Doriano “Carneiro” Cecchettini, João Carlos Serres, Ricardo Chester e muitos outros que, como eu, trabalharam fora do expediente, voluntariamente, nas campanhas de Eduardo Suplicy, em 1985, e Luiza Erundina, em 1988, para a prefeitura de São Paulo.

      Foram tempos de surpreendentes e engraçadas novelas petistas no início do horário eleitoral em 1985, contra Fernando Henrique Cardoso (PMDB) e Jânio Quadros (PTB), os outros dois principais candidatos naquela campanha para as primeiras eleições municipais pós-redemocratização. Novelas batizadas de “Sem carranca, nem chapa-branca” ou “Nem forças ocultas, nem tão cultas”, escritas por mãos como as do roteirista e diretor Flavio de Souza, Erazê, e Carlito, além das minhas. E gravadas nas madrugadas, em estúdio improvisado, em uma produtora na Avenida República do Líbano, na zona sul da capital paulista. Depois de encerradas as sessões das peças de teatro, era para onde iam Lélia Abramo, Mira Haar, Cristina Mutarelli, Odilon Wagner e outros atores voluntários, além, é claro, dos amadores Eduardo e Marta Suplicy, Erundina e Lula – e onde ficavam até as primeiras horas da manhã. Gravamos os sete capítulos da novela em uma semana. Tempos de “Experimente Suplicy, diferente de tudo que está aí”.

      Eram experiências, ideias, que assustavam alguns dirigentes petistas da época. Como no melhor estilo do belo filme chileno de Pablo Larraín, No – que conta a história da campanha em defesa do voto pelo fim da ditadura de Pinochet (o voto pelo “Não”), no plebiscito realizado em 1988. Aliás, vendo esse filme, me senti como Gael Garcia Bernal, interpretando o publicitário chileno. Anos antes do plebiscito no Chile, vivi na pele as incompreensões de uma parte da esquerda com o nosso jeito de fazer política na TV. “Colocar o Lula numa novela, tomar café da manhã com a Marisa, fazer o Suplicy conversar com um boneco (o Zé do Muro, personagem que representava o eleitor indeciso), tudo isso despolitiza”, diziam. E como era bom contra-argumentar com liberdade e veemência, sem ter medo de perder o “cliente”. Não havia dinheiro envolvido, era fácil.

      Primeiro Big Brother

      Lembro bem, ainda no primeiro semestre de 1985, quando, antes do início do horário eleitoral da campanha para prefeito, o PT exibiria um programa de uma hora em rede estadual para apresentar o Eduardo Suplicy como candidato. Depois de um encontro de Sócrates e Adilson Monteiro Alves – sociólogo e principal idealizador da democracia corintiana – na casa de Suplicy, com Marta e Lula, Adilson me disse: “Malfitani, seria muito bom se toda a população de São Paulo estivesse aqui com a gente e pudesse conhecer melhor o Suplicy e o Lula, como nós conhecemos”. Pensei comigo: “Vamos dar um jeito de fazer isso”.

      Tive a ideia de preparar um encontro inusitado na casa do Eduardo. Dias depois, Carlito Maia e eu tivemos uma reunião com a Marta, o Lula, a Marisa, o filósofo e educador Paulo Freire, além dos atores Antônio Fagundes e Lucélia Santos, de um dos filhos dos anfitriões, Supla, e do jornalista e comentarista esportivo Juarez Soares. Todos reunidos para um grande bate-papo, sem roteiro nem direção.

      Sem saber, fizemos um primeiro e inédito Big Brother na TV, com personagens anos-luz à frente dos atuais. Meio desconfiados, os dirigentes petistas toparam a experiência. O Serres, diretor da produtora, montou três câmeras em torno de uma grande mesa de concreto na sala e começamos a gravação.

      Foram oito horas de bate-papo, durante as quais se conversou sobre tudo. Falamos de relações humanas, política, vida pessoal, futebol... Marisa revelou que Lula a ajudava a lavar louça, Lula contou que, quando comprou a primeira casa, em São Bernardo, a que mostrei no primeiro programa em rede nacional do PT, ela tinha sido invadida e ele teve que chamar um parente da Marisa, policial militar, para ajudá-lo a expulsar o invasor. “Como alguém que tem uma única casa pode concordar que outro invada a sua propriedade?” , perguntou ele. Hoje, o ex-presidente revela esse episódio no livro recém-lançado de Emir Sader, sobre os anos de Lula e Dilma no governo (Dez Anos de Governos Pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma, Boitempo Editorial). Em outro momento, Juarez Soares disse que falar rápido não é predicado para ser um bom prefeito, senão ele seria o melhor de todos. Marta falou de relacionamentos, de família. Fagundes e Suplicy prosearam sobre o que sonhavam para o Brasil.

      De missão em missão...

      Depois de muito trabalho, editamos uma hora de conversa aberta, franca, em que cada um mostrou, de verdade, o que pensava sobre a vida e a política. E, principalmente, revelou os valores pessoais. Com abertura de show americano de música e com intervalos com comerciais petistas, feitos pela turma do Erazê, da McCann, o programa agradou em cheio ao público e todos os que trabalharam, sem nenhuma remuneração. Quanto custaria hoje a produção de um programa desses?

      Mas nem tudo eram flores, é claro. Quando apresentamos o programa para alguns dirigentes petistas pouco antes de ir ao ar, as reações não foram nada boas. Depois de uma hora de exibição, um silêncio sepulcral tomou conta do ambiente. Com expressão tensa, um deles chegou a dizer: “Se esse programa for ao ar, no dia seguinte o PT acaba”. Como não havia mais tempo para fazer outro, o programa foi ao ar, o PT não acabou e foi um grande sucesso de audiência. Mostrou em linguagem moderna quem eram, de verdade, os petistas Lula, Suplicy e Cia.

      O poeta Décio Pignatari, em sua crítica semanal de TV na Folha de S.Paulo, escreveu: “Assistindo na última segunda-feira, ao programa político montado pelo Partido dos Trabalhadores, ohhhh! Que beleza de guerra! Pela sua qualidade inovadora, independentemente da nossa crença em seu conteúdo intrínseco, esse programa pode representar para a televisualidade política o que Beto Rockfeller representou para a televisualidade novelesca”. Vocês imaginam como me senti, ao ler o comentário desse papa da comunicação sobre o nosso trabalho? Vocês acham que dinheiro tinha alguma importância nessa hora?

      De “missão” em “missão”, fomos trabalhando assim. De graça, mas com uma bela remuneração: a que alimenta a alma. Era o que nós pensávamos naquela época.

      Foram mais programas em rede nacional, dois deles em parceria com o então jovem – já talentosíssimo – publicitário e cineasta Fernando Meireles. Querendo sempre inovar e surpreender na propaganda política, adorei quando o Gabriel Prioli, jornalista amigo e professor da PUC – Pontifícia Universidade Católica, me apresentou ao Fernando e ele topou fazer, por prazer, esse programa do PT.

      Abrimos com o poema “O Povo”, de Eça de Queiroz – cuja leitura recomendo a todos –, com imagens reveladoras de trabalho duro, miséria em contraste com opulência. Tudo com a voz grave e marcante do ator Paulo César Pereio. É claro que Pereio não cobrou cachê. Depois, eu, como repórter, dividia a condução do programa com a então estagiária de produção Sandra Annenberg. Descoberta por mim, ela tinha 17 anos, e nem sabia que aquele era o seu lançamento na TV.

      Aliás, todos os artistas que eu procurava – com a ajuda do Paulo Betti e Odilon Wagner e outros atores como Ciça Camargo e Marcio Megaton, além da jornalista Astrid Fontenelle – para participar dos nossos programas aceitavam de pronto o “trabalho”, sem cachê.

      No ar, Vale Tudo

      Como posso esquecer, quando a três dias do início do horário eleitoral de Luiza Erundina como candidata à prefeitura em 1988, preocupado em como abrir o nosso primeiro programa, tive uma ideia que até hoje não sei como consegui realizar.

      A novela das oito da Globo que estava no ar na época era Vale Tudo, grande sucesso escrito por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. Eu queria fazer a vinheta de abertura do programa da Luiza com uma paródia da vinheta do programa Viva o Gordo. A Luiza faria o que Jô Soares fazia. Contracenaria com personalidades mundiais, por meio de uma técnica – hoje banal, mas muito inovadora para a época – de inserção de imagens em cenas gravadas. O Serres me disse que precisaria de três ou quatro dias para viabilizar as filmagens. Mas o programa de abertura tinha que estar pronto em dois dias. O que fazer? Aí surgiu a ideia do “vale-tudo”.

      Descobrimos que o Antônio Fagundes, protagonista da novela da Globo, estaria voltando naquela tarde das gravações no Rio de Janeiro para o aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Peguei meu Maverick verde-água, comprado do amigo Odilon Wagner, e toquei para o aeroporto. Fiquei de olho no desembarque da ponte aérea. Depois de uma ou duas horas de espera, eis que finalmente aparece o Antônio Fagundes. Na maior cara de pau, contei a ele o meu drama de não ter nada bom para pôr no ar no primeiro programa da Luiza Erundina. Então, fiz uma proposta “indecorosa”: “Fagundes, você topa sair daqui, ir comigo agora para o estúdio e gravar uma cena dizendo que, se na novela pode valer tudo, na política, não! Tem que valer a ética, a seriedade, a vontade de trabalhar para melhorar a vida das pessoas. E por isso apoia a Luiza Erundina para prefeita?”. Pedi também que nos dois primeiros dias de campanha, ele me ajudasse a fazer outros atores da novela, como o Sérgio Mamberti, gravarem um talk-show com a Luiza como entrevistadora, abordando o vale-tudo.

      O incrível é que deu certo... Ele topou. Fagundes, um dos melhores atores que o Brasil já viu, gigante no caráter e na competência, foi de Maverick verde-água comigo, para a Vila Olímpia, gravar o que eu tinha proposto. Dois dias depois, no horário da novela, ele, o ator principal de Vale Tudo, aparecia nas TVs de milhões de lares paulistanos, falando com a mestria de sempre aquele texto. Sem receber um tostão por isso! E não se preocupando com as pressões que sofreria na Globo.

      Sucesso nas urnas

      Depois, fizemos a paródia da abertura do Viva o Gordo, com Luiza contracenando com Jânio Quadros, Augusto Pinochet, Ronald Reagan, Indira Gandhi e outros. Fazíamos dublagens do filme Guerra nas Estrelas, imitações do jornalista Paulo Francis. Propúnhamos uma mudança para São Paulo com humor, alegria e esperança.

      Quando, na véspera da eleição, recebi a informação de que Luiza Erundina havia ultrapassado o Paulo Maluf nas pesquisas e que a vitória já era certa, peguei a minha vespinha, saí dirigindo pela Marginal Pinheiros chorando de emoção. Eu havia ajudado a eleger uma mulher nordestina, baixinha, com fama de radical invasora de terra, do PT, para ser prefeita da maior cidade da América do Sul! Essa mulher digna e “arretada” foi a melhor prefeita que São Paulo já teve. Sua eleição, as suas atitudes e a retidão de caráter me dão orgulho até hoje. Junto com o nascimento dos meus filhos, foi a maior emoção da minha vida. Por acaso alguém pensa em dinheiro quando o seu filho nasce?

      Hoje, porém, os tempos são outros. O Brasil mudou muito e a propaganda política também. Agora, faço marketing profissionalmente, sem, no entanto, perder a paixão. Mas esta é outra história, que fica para outra vez.


    Tem gente que pensa que ter um blog é reunir as fofocas que vc ouviu ao longo do dia e publicar no blog. Não é. Foi conta de gente pensando assim, gente que eu prezo e cuja amizade eu prezava muito, que eu extingui um blog que tinha. Tudo bem que a manutenção dele era feita com atraso, sem o apego a atualizações diárias que tenho pela página principal deste aqui. Mas ainda assim é duro ficar ouvindo lembranças velhas de gente com um pensamento incorreto.


    Do Noblat, 24/10/13

    POLÍTICA

    O desencanto, por Ilimar Franco

    Ilimar Franco, O Globo
    Uma das maiores preocupações do Planalto e dos que estão planejando a campanha pela reeleição da presidente Dilma é a deterioração das relações com o empresariado brasileiro.
    Os donos do PIB não querem muita conversa com Dilma e o PT para 2014. Muitos deles estão migrando para a campanha neo-oposicionista do governador Eduardo Campos (PSB).
    Segundo ministros, que estão trabalhando por uma reaproximação, os empresários alegam que foram muito maltratados pelo atual governo e que não há mais nenhuma medida econômica compensatória que os faça repensar o apoio.
    O PMDB aumentou seu cacife por ter cinco políticos que representam o PIB.

    Da página A3 da Folha de hoje, 1/10/13
    TALES A. M. AB'SÁBER
    Interesse e política do mensalão
    Petistas e antipetistas recusam a realidade óbvia, como dizem os psicanalistas, de sua adesão e pertencimento às práticas corruptas brasileiras
    Durante 20 anos, o Partido dos Trabalhadores teve no parâmetro ético, baseado na crítica à tradicional condescendência com a corrupção pelo alto, uma de suas principais balizas, identitária para a concepção do fazer político no Brasil.
    O PT de fato encarou a corrupção brasileira como uma perversão sociológica, ligada ao patrimonialismo espúrio da tradição política mais arcaica, e também como um desvio econômico significativo para a e eficácia de um governo popular.
    Lideranças como Lula, José Dirceu e José Genoino sustentavam a necessidade da crítica dura à corrupção, que se estendia dos monumentais escândalos sem punição gerados na ditadura militar à manipulação econômica que levou à queda de Collor, até os episódios de derrapagem na "zona cinzenta" da política de privatizações peessedebista, que, para seus atores, deveria restar fora de julgamento.
    Paixões e jogos profundos de interesses contrariados deveriam se pôr em cena quando, com virada significativa na incorporação da tradição de centro direita brasileira, o PT se viu, no poder, envolvido em escândalo de corrupção. Uma inversão espetacular do sentido das coisas, que podia quase ser lida como um lance de ficção do tipo folhetim.
    O PT, que também tinha origens em movimentos católicos populares, deveria pagar com o próprio sacrifício os pecados de todo o sistema, recebendo a punição dura que até então ninguém recebera. Como o partido sempre sustentou, a democracia devia ter início com a sua chegada ao poder e, não tendo exigido nada da velha corrupção, pagaria com a própria punição para cumprir o seu vaticínio.
    Dialeticamente, o juiz negro de grande formação indicado por Lula ao Supremo para fazer reparação social de imagem mostrou-se forte inimigo dos modos tradicionais de corrosão da política, e armou-se o circo da gigantesca disputa simbólica produzida ao redor da punição dos políticos petistas.
    Seriam eles os maiores corruptos brasileiros de todos os tempos? Ou bodes expiatórios para a manutenção do status quo? Tudo não passaria de uma lição da direita nos recém-convertidos aos seus próprios jogos? Ou estávamos diante de avanços democráticos que não deveriam retroceder? Ou tudo ao mesmo tempo?
    Enquanto petistas recusavam a realidade óbvia, como dizem os psicanalistas, de sua adesão às práticas corruptas brasileiras, antipetistas recusavam a realidade óbvia de que o próprio sistema da corrupção lhes pertencia. Criaram-se dois campos de paixão algo delirante, que representam profunda distorção dos próprios sujeitos da política.
    Eram as apostas de uma inédita novela política, televisionada ao vivo, que envolvia questões cruciais em conjunto com todo tipo de baixo interesse. Os próprios petistas não ajudaram ao recusarem a responsabilidade política e ao demandarem, com desfaçatez, a lassidão da Justiça que permitiria a impunidade.
    O maior erro foi não ter transformado um processo de ilegalidades políticas em um processo de crítica da política das ilegalidades, que o velho partido de esquerda aceitou como nova sina natural. Nesse sentido, mais forte, o PT encenou um episódio de fracasso exemplar.
    O julgamento tornou-se uma aula sobre um dos Poderes mais tecnicamente constituído, que pode ter ensinado o modo de funcionar das coisas da Justiça. Jogando dentro da lei, o governo usou o tempo para fazer a indicação de dois juízes que já votaram pela aceitação dos embargos infringentes e poderão agora votar contra a aceitação do crime de formação de quadrilha.
    Jogo jogado. Ele implica o excesso de poder franqueado ao poder. Quando a presidente pode indicar seus juízes para julgar os homens de seu partido, podemos reconhecer o ponto irônico que Nietzsche chamou de "a graça da lei", ou seja, o seu caráter ambivalente e perverso, em que uma margem de inimputabilidade para o poder sempre está felizmente garantida.


    Do Estadão de hoje, 17/9/13. Prá isso há dinheiro, né?

    Osasco adquire Audax e 'compra' vaga na elite paulista

    17 de setembro de 2013 | 8h 34

    ALESSANDRO LUCHETTI E GONÇALO JÚNIOR - Agência Estado
    O Grêmio Osasco, clube que disputa a segunda divisão do futebol paulista, está promovendo um salto extraordinário para uma equipe que tem apenas cinco anos de história. Com a compra do Audax, equipe que era dirigida pelo Grupo Pão de Açúcar e que já está classificada para a Série A1 do Campeonato Paulista de 2014, Osasco estará na elite paulista. A aquisição abrange também o Audax Rio de Janeiro. "Vamos investir e competir de igual para igual com os outros clubes. Será o nosso primeiro ano na elite e não vamos decepcionar", disse o presidente Lindenberg Pessoa.
    A negociação, cujos valores não foram revelados, contou com o apoio da prefeitura de Osasco, que se comprometeu a arcar com melhorias para o estádio Professor José Liberatti, onde serão disputadas as partidas do Campeonato Paulista. "A gente estava torcendo muito para o time subir porque Osasco, com todo o seu porte, nunca teve uma equipe na Primeira Divisão. Chegamos a ter a chance de subir este ano. Nos últimos cinco jogos o time não podia perder nenhum para subir e acabou perdendo todos", afirmou o prefeito Jorge Lapas (PT).
    A diretoria ainda não definiu como será feito o aproveitamento dos jogadores do Audax. A utilização da estrutura do clube também está em negociação. O nome da agremiação deve ser Grêmio Osasco Audax. Apesar das indefinições, um dos líderes do grupo já está definido. O ex-corintiano Vampeta, pentacampeão em 2002, vai continuar como gerente de futebol do Osasco, cargo que ocupa desde 2011. O executivo Thiago Scuro, que fazia a função no Audax, foi desligado.
    O homem forte que conduziu a negociação é o banqueiro Mário Teixeira, conselheiro do Bradesco. O banco, cuja sede está localizada no bairro de Cidade de Deus, em Osasco, já investiu no estádio José Liberatti, pagando pela cobertura das arquibancadas.
    Além disso, Teixeira fez uma lista dos investimentos que caberiam à prefeitura e Lapas concordou. Os cofres municipais arcarão com a reforma do CT e construção de alojamentos para 70 atletas, pintura e iluminação da área externa do estádio, ônibus para transporte da delegação e segurança. Por isso, os valores da negociação ainda não foram definidos porque dependem do conjunto de reformas.
    Em dois meses, segundo Lapas, deverá ser inaugurado o sistema de iluminação, projeto tocado em parceria com a Eletropaulo. "Por causa da falta de luz o time tinha de jogar à tarde. Mesmo assim, conseguia atrair de dois mil a três mil torcedores em dias de semana. Osasco gosta muito de esporte. O vôlei atrai uns cinco mil torcedores, imagine o futebol", disse Lapas.
    Osasco não está de olho apenas nas fronteiras estaduais do futebol. No ano passado, o clube firmou um convênio com o Braga, atualmente a terceira força do futebol português, que possibilitará o intercâmbio de atletas entre os dois clubes.
    DISPUTA - A venda do Audax para Osasco está inserida em uma disputa comercial: o conflito entre o empresário Abílio Diniz e o Casino, grupo francês que controlava o Pão de Açúcar desde 2012. Com o acordo para a saída de Diniz da presidência da empresa, no início do mês de setembro, o grupo francês decidiu encerrar as atividades das duas unidades do Audax. Cálculos da empresa mostram que seriam necessários R$ 30 milhões para manter as duas unidades, quantia considerada elevada pelos franceses.
    A mudança representa um grande salto para os jogadores do Osasco, que disputam a Copa Paulista e estavam se preparando para a disputa da Série A2 em 2014. "Nós estávamos nos preparando para a Série A2 do Campeonato Paulista e agora vamos jogar a A1. É um sonho que está sendo realizado", contou o técnico Sérgio Roberto da Silva, o Serginho, que, curiosamente, trabalhou nove anos exatamente no Audax. Os planos do técnico já estão traçados. "Queremos nos manter na elite e disputar a Série D (quarta divisão) do Brasileiro". 



    Deu no Cláudio Humberto de hoje, 2 de setembro de 2013
    • Tweet de Paulo Coelho, escritor brasileiro que mais vende livros no mundo: “Nunca pensei que fosse tuitar isso, mas minha decepção com o PT, que apoiei, não para de crescer. #fail” (fracasso).
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    Do Cláudio Humberto
    Depois disso, dá mais vergonha ainda da nossa presidente e do ministro. Ambos falam fino. Ambas amesquinham suas funções. Ambos envergonham os brasileiros
    • 27 DE AGOSTO DE 2013
      O ex-chanceler Antonio Patriota interrompeu só uma vez sua atitude omissa e acovardada, durante os 452 dias de asilo do senador Roger Pinto Molina. Ainda assim, para atormentar a vítima, em nome do “bolivarianismo”. Ele foi a La Paz tornar o asilo do perseguido do regime de Evo Morales uma “prisão política”, ordenando restrições a banho de sol, proibindo visitas e segregando-o a cubículo sem janela.

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    • Segundo diplomatas, a estratégia de Patriota, para bajular o regime de Evo Morales, era vencer Molina pelo cansaço e fazê-lo se entregar.
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    • A ordem cruel do gabinete de Patriota para tomar celular e computador de Molina jamais foi confirmada por escrito, como exigiram diplomatas.
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    • Além das visitas pessoais ao Itamaraty, o diplomata Eduardo Sabóia enviou vários telegramas a Patriota pedindo a solução do caso Molina.
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    • Como o pai, embaixador Gilberto Sabóia, o diplomata Eduardo Sabóia deixa admiradores por onde passa. Washington foi seu posto anterior.

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    • O ex-chanceler Antonio Patriota não recusava chance de mostrar como a política externa é feita à sua imagem e semelhança: cabisbaixa e submissa diante da arrogância da Venezuela e das desfeitas da Argentina e do regime de Evo Morales. Em março, por exemplo, Evo criou um pretexto para inviabilizar o salvo-conduto ao senador Roger Molina, vetando na mesa de negociações o embaixador, Marcel Biato. Em vez de prestigiar o colega diplomata, Patriota cedeu ao cocalero

    Do Noblat, 26 de agosto

    COMENTÁRIO

    Patriota cai. Evo e Dilma de nada sabiam. Será?, por Ricardo Noblat

    Esquisito o episódio da chegada ao Brasil do senador boliviano refugiado há mais de 440 dias em nossa embaixada em La Paz. E agora da demissão do ministro Antônio Patriota, das Relações Exteriores.
    A operação de retirada do senador da Bolívia foi arriscada se ela de fato ocorreu à revelia do governo Evo Morales.
    Foram 22 horas dentro do carro principal da embaixada até a chegada em Corumbá. Fuzileiros navais garantiram a segurança do senador durante a viagem.
    Em Corumbá, a segurança coube à Polícia Federal, subordinada ao ministro da Justiça.
    É possível que fuzileiros e agentes da Polícia Federal tenham sido mobilizados à revelia dos seus chefes - os ministros da Defesa e da Justiça?
    É possível que a fuga do senador fosse apenas do conhecimento do encarregado de negócios da embaixada do Brasil na Bolívia? O posto de embaixador está vago por lá.
    E a pergunta mais importante: que ministro teria coragem de se envolver numa operação diplomaticamente tão delicada sem que a presidente Dilma fosse informada? E desse seu aval?
    Dilma nunca gostou de Patriota, nunca se deu bem com ele, sempre o tratou mal, às vezes de forma humilhante.
    Era preciso entregar alguma cabeça para acalmar o governo boliviano, aparentemente irritado com o que aconteceu.
    Se Evo Morales só ficou sabendo da fuga do senador depois de sua entrada no Brasil, é grave. Deixa-o mal diante dos seus governados.
    Se ele sabia da fuga e compactuou com ela, não poderá admitir. Pegaria mal.
    A demissão de Patriota desmanchará o mal estar sincero ou simulado que separa a Bolívia do Brasil. Mas não porá um ponto final nessa história.

    DA Sonia Racy de hoje, 26 de agosto de 2013, 99 anos da Sociedade Esportiva Palmeiras.

    ‘Dirigente que contrai dívida tem de ser responsabilizado civilmente’

    26.agosto.2013 | 1:00

    Foto: Paulo Giandalia/Estadão
    O presidente do Palmeiras sabe que corre contra o tempo para sanear as finanças do clube. No horizonte, a primeira divisão e o novo estádio no ano do centenário
    Segundo presidente mais jovem da história do Palmeiras, Paulo Nobre, 44 anos, tem um desafio e tanto pela frente. Chegar a 2014, quando o clube completa seu centenário, com mais fontes de receita para começar a abater uma dívida estimada, hoje, em R$ 300 milhões.
    Como? Investindo no programa de sócio-torcedor, em marketing e na capacidade do novo estádio, o Allianz Parque, que será entregue no segundo trimestre do ano que vem.
    Fã de ralis (já foi campeão em diversas modalidades e disputou o Dakar), este advogado paulistano, cujo apelido ao volante é Palmeirinha, sabe bem o que é correr contra o tempo. Afinal, no Palestra, o mandato de presidente é de apenas dois anos.
    A experiência como dono de fundo de investimentos tem ajudado. E até parte da oposição (sempre feroz pelos lados do Parque Antártica) anda positivamente interessada nos rumos que Nobre tenta dar ao Verdão.
    Em seu dia de 12 horas entre reuniões e planilhas (a maioria delas desalentadora), ele encontrou uma brecha para conversar com a coluna na Academia.
    A seguir, os melhores momentos do bate-bola.
    Você disse, recentemente, que o Palmeiras ainda não entrou no século 21. Por que?
    Porque o Palmeiras ganhou o título de “campeão do século 20” e se orgulhou muito disso. Só que também se abraçou a isso. Já estamos na segunda década do século 21. É muito bom ter um passado glorioso, mas é preciso pensar no presente e no futuro. Como um clube como o Palmeiras, em 2013, tem sistema operacional DOS nos computadores? É piada. Quer outra? Os departamentos não se comunicam. Às vezes, duas equipes estão fazendo a mesma coisa e não sabem. Olha o gasto de tempo! O Palmeiras não tem processo, é uma bagunça. Não sabe agir como aquele jogador mais velho, que vai pelos atalhos do campo, sabe? Por que o Seedorf joga o que joga até hoje? Porque não corre à toa. É questão de processo. Por isso eu digo que o campeão do século 20 ainda não entrou no século 21. Mas vai entrar.
    Qual a grande dificuldade, hoje, do Palmeiras?
    O clube está há alguns anos num quadro de geração de prejuízo todos os meses. O que você tem de fazer antes de tudo? Reverter a tendência. Para isso, você precisa gerar receita e cortar despesa. É o que estamos fazendo, respeitando duas premissas básicas: o futebol não pode perder a competitividade e você não pode deixar o clube social parar.Muitos conselheiros palmeirenses reclamam que o grande problema é a desunião, todo mundo briga com todo mundo.Eu comparo o Palmeiras com o período que antecedeu o Primeiro Reich alemão. Um monte de feudos que brigavam entre si. Quando se juntaram, se tornaram uma potência.
    Há como unir o Palmeiras?
    Lógico, mas você precisa despolitizar certas coisas, parar de lotear a diretoria para ganhar uma eleição. E, depois de ganhar a eleição, ter a liberdade de chegar em qualquer grupo, inclusive na oposição, e escolher as melhores cabeças para ajudar a administrar.
    Está conseguindo fazer isso?
    Meu diretor financeiro fazia parte da chapa da oposição. Por que eu o escolhi? Porque ele é bom, eu confio nele.
    A imprensa atrapalha?
    O problema é que muita gente usa a imprensa para lavar a roupa suja do clube. O foro para isso é o Conselho Deliberativo. Além disso, o vazamento de certas informações para o chamado grande público nem sempre ajuda. Até porque pressão externa não muda nada. Eu estou na política do Palmeiras há 16 anos. Quando a gente caiu para a segunda divisão em 2002, a pressão externa foi imensa, muito maior do que agora. E não mudou uma vírgula. A mudança tem de partir de dentro, nunca de fora. O conselheiro tem de se conscientizar de que roupa suja se lava em casa. E tem de lavar! As pessoas precisam ter a liberdade de criticar, de falar o que pensam. E quem está no poder tem de aceitar crítica. Se não aceita, está no lugar errado.
    As críticas têm ajudado?
    Muito.
    Qual o papel do Mustafá Contursi na administração do clube?
    O Mustafá é membro nato do Conselho de Orientação e Fiscalização (COF), conselheiro vitalício, líder político, uma pessoa muito crítica e de opiniões contundentes. Mas, até agora, eu só tenho a agradecer o Mustafá. Sempre que precisei dele, esteve presente, deixando claro que não quer influenciar na administração. Eu digo a ele: “Presidente, fique tranquilo. Toda vez que o convoco, é porque acredito que o senhor tem experiência para ajudar”. Mas eu ouço muita gente, são opiniões que norteiam a minha decisão.
    Muita gente diz que o COF atravanca a administração.
    Muito pelo contrário. Ele é o órgão de fiscalização do clube e exerce a sua obrigação estatutária. Sempre que eles fiscalizam, fazem o papel que se espera deles.
    O Roberto Frizzo (vice de futebol do Palmeiras na gestão do ex-presidente Arnaldo Tirone) está voltando à vida política do clube. Como você vê isso?
    Com naturalidade. Ele, e quem quiser no Palmeiras, tem todo o direito de militar politicamente no clube.
    Em relação ao estádio, quanto ele será capaz de ajudar a desafogar as contas do Palmeiras?
    Primeiro, os custos com a manutenção do estádio deixam de existir quando ele estiver pronto, algo que deve acontecer no segundo trimestre. O Palmeiras tem participação (em vários graus) nas receitas que a arena gerar. Além disso, teremos entre 33 mil e 34 mil cadeiras. Esta, sim, será uma fonte de receitas importantíssima. O caminho para que o clube saia do cenário em que se encontra está aí.
    Mas os preços dos ingressos vão subir, haverá uma elitização?
    É natural que isso aconteça. Até por todo o serviço que será oferecido aos torcedores.
    E como ficam as torcidas organizadas? Porque elas fazem muita pressão política no clube.
    Nossa obrigação é financiar um time competitivo. Haverá, claro, áreas mais populares, mas menores. Quem terá vantagem, sempre, será o sócio-torcedor. Não digo garantia de ingresso, porque teremos mais sócios-torcedores do que lugares no estádio, mas prioridade sobre qualquer outro torcedor. E é muito justo, porque ele é 100% comprometido com o clube, ajuda a financiar o Palmeiras, participa de fato.
    O Palmeiras tem hoje quantos sócios-torcedores?
    Quando eu assumi o cargo, eram 8.700. Agora, seis meses depois, estamos com 30 mil.
    Qual a meta?
    Olha, o Inter de Porto Alegre tem mais de 100 mil sócios-torcedores. Eu tenho uma inveja positiva do Inter. Admiro quem faz um trabalho bem feito. E a nossa torcida é muito maior que a deles. Aliás, justiça ao Grêmio também. Inter e Grêmio são os melhores exemplos no Brasil de como fazer um programa de sócio-torcedor. A gente aqui no Palmeiras olha muito para exemplos como esses. E temos a humildade de copiar o que dá certo.
    Como está a busca pelo patrocínio master para o time?
    As empresas todas fecham o budget de patrocínio para o ano seguinte no mês de setembro. E nós assumimos em janeiro. Além do mais, a gente não pede R$ 2 milhões, pede o que vale a marca Palmeiras. Mas, para o ano que vem, a chance de conseguir é imensa.
    É a favor do Proforte, programa de reestruturação das dívidas dos clubes que está para ser enviado ao Congresso como medida provisória?
    Sou 100% a favor. Desde que não se brinque com dinheiro público. Como futebol é quase uma religião nacional, acho que o governo pode ter um pouco de compreensão com a situação dos clubes. Mas só se passar a régua e começar vida nova. Precisa haver punições muito severas aos clubes que voltarem a contrair dívidas. Fez dívida, perde ponto no campeonato, cai de divisão. E, principalmente, os dirigentes têm de ser responsabilizados na sua pessoa física. Criminalmente e civilmente, para doer no bolso. Sou a favor, desde que a ajuda venha junto com as regras. Porque é muito fácil dirigente populista adiantar receitas de várias gestões futuras para tentar, na sua administração, ganhar títulos e sair bonitão na foto. Só que, depois, a instituição fica enterrada em dívidas por anos.
    É a favor da Copa?
    (pensa um pouco) Sou, mas, de novo, acho que não se pode brincar com dinheiro público. Acredito que algumas arenas do torneio custaram caro demais e também que a iniciativa privada deveria ter participado mais do projeto do Mundial.
    Sua experiência como dono de fundo de investimento ajuda no dia a dia como presidente do Palmeiras?
    Ah, sim. Claro que é preciso fazer adaptações, mas, por exemplo: eu estou tentando implementar um sistema de produtividade no ‘bicho’. Em vez de ser um ‘bicho’ mais substancial a cada jogo, vai ser bem pequenininho. Atingido um objetivo, ele se multiplica. É legal, para mostrar ao jogador que a gente está no mesmo barco, vamos ganhar juntos.
    Voltando à primeira divisão no ano do centenário, haverá investimentos no time?
    O Palmeiras não será refém do ano de seu centenário. Pode escrever isso: eu não vou fazer loucuras para ter um time capaz de ganhar tudo. A gente já viu isso acontecer em vários clubes. Dá uma dor de cabeça danada e prejuízo. O Palmeiras tem de ser competitivo todos os anos, não apenas no ano do centenário. Nossa equipe é boa, tem raça e respeita a camisa do Palmeiras. Algumas contratações pontuais podem vir a acontecer, caso a comissão técnica julgue necessário. Mas a ideia é ter esse grupo mais entrosado ainda no ano que vem.
    Ser o segundo presidente mais jovem da história do clube ajuda ou atrapalha?
    Acho que é uma questão de quebra de paradigma. Fui eleito com 44 anos, num meio em que as pessoas se acostumaram a ver dirigentes sempre com mais de 60.
    Quantas horas tem o seu dia como presidente?
    No mínimo 12 horas.
    E vida pessoal?
    Não existe. (risos) Meu grande hobby era correr rali, e não sei nem o resultado do mundial. A única certeza é que o campeão do mundo de rali vai ser um palmeirense, o francês Sébastien Ogier.
    Ele é palmeirense?
    Desde que eu dei uma camisa do Palmeiras para ele, virou palmeirense. Mas voltando à pergunta sobre vida pessoal, o problema é que não dá tempo de fazer mais nada. Eu realmente me preparei, durante a campanha à presidência do Palmeiras, para passar dois anos aqui. Quando é possível, tiro o domingo de folga. Aí, hiberno em casa. E sabe de uma coisa? Nunca dei tanto valor a chegar em casa. Aprendi que o problema de amanhã você resolve amanhã. Não adianta ir dormir pensando no problema, porque você vai dormir mal e, no dia seguinte, resolver mal o problema. Ainda bem que minha namorada é compreensiva e está sabendo administrar a situação. Ela é muito parceira. Até o pessoal da diretoria tem agradecido muito a ela. /DANIEL JAPIASSU

    O problema da meia entrada. Do Lauro Jardim, em 22 de agosto de 2013

    9:33 \ Esportes

    A farra da meia-entrada continua no Brasil – agora até em partidas da NBA


    Astros da NBA vem ao Brasil
    O jogo entre Washington Wizards e Chicago Bulls, que será disputado no Rio de Janeiro em 12 de outubro, é mais uma vítima da farra das meias-entradas no Brasil.
    Cerca de 9 000 ingressos foram vendidos até agora e 60% contemplam estudantes e idosos.
    Outros eventos foram vítima de descontos. O Lollapalooza vendeu 95% dos seus ingressos pela metade do preço. Já o Rock in Rio, que limitou a compra desta forma e ainda anunciou uma investigação policial em cima das falsificações, vendeu 40% de bilhetes meia entrada.
    Por Lauro Jardim

    Do Brasil 247 de hoje, 19 de agosto de 2013

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