13.5.14

E depois o governador se gaba da segurança pública do Estado

SErá que está diminuindo a crença da população no sistema legal-punitivo?
DA FSP de hoje.


Multidão espanca servente em Araraquara
Homem confundido com seu irmão é agredido por moradores com pauladas e pedradas na frente de sua casa
Tentativa de linchamento durou cerca de uma hora; polícia identificou seis suspeitos do crime
CAMILA TURTELLIDE RIBEIRÃO PRETO
Confundido com o irmão, o servente de pedreiro Mauro Rodrigues Muniz, 37, sobreviveu a uma tentativa de linchamento, em Araraquara (a 273 km de São Paulo).
Cerca de 30 pessoas usaram tijolos, pedras e paus para agredir Muniz na frente da sua casa. A agressão durou cerca de uma hora. Ele está internado em estado grave, com fraturas na cabeça, nos braços e nas pernas.
A agressão aconteceu após briga familiar, anteontem à noite, no bairro Maria Luiza, zona norte de Araraquara.
Mauro vive com a mãe, o padrasto e uma irmã na casa, onde estavam seu irmão Luciano e a mulher, Adriana. O casal começou a brigar e Luciano, segundo depoimentos à polícia, agrediu a mulher.
Amigos e familiares dela, que moram no mesmo bairro, foram avisados e seguiram até o local para defendê-la.
"O Luciano fugiu sem que ninguém visse, antes mesmo da chegada da PM e da ambulância [para socorrer a mulher]", afirmou a faxineira Vanessa Cristina Muniz, irmã de Mauro e Luciano.
Assim que Adriana foi levada para o hospital, o grupo passou a jogar pedras na casa, e Mauro, que não tinha envolvimento com a briga, foi saber o motivo do tumulto.
Ao chegar do lado de fora da casa, Mauro foi atingido por um pedaço de madeira e caiu no chão. Foi nesse momento, segundo depoimentos à polícia, que a multidão o levou para o meio da rua e passou a agredi-lo.
"Tentaram passar a roda de uma moto na cabeça dele, mas a família impediu", disse o delegado Elton Negrini.
Durante as agressões, familiares de Mauro gritavam que estavam confundindo os irmãos, mas o espancamento prosseguiu.
"Teriam dito que não importava [a confusão] e que, sendo irmão, iria pagar do mesmo jeito", disse Negrini.
A irmã de Mauro também foi agredida com uma paulada no braço esquerdo.
"Foi um pesadelo. Ele parecia um boneco no chão. Jogaram um braço dele para trás e pisotearam para quebrar. Ele ficou todo quebrado", disse a irmã.

SUSPEITOS
Segundo o delegado, seis suspeitos de participar da agressão foram identificados. Dois celulares abandonados no local estão sendo usados para identificar cúmplices.
Mauro é descrito por sua família como um homem calmo e que passava por um bom momento pessoal.
"Ele estava feliz porque conseguiu um trabalho com registro em carteira há uma semana", afirmou a irmã Denise Gabriela Muniz, 28.
É o segundo caso de justiçamento em pouco mais de uma semana no Estado. No dia 3, a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33, foi espancada por uma multidão em Guarujá, no litoral. Ela morreu dois dias depois.

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