12.3.15

Apaga a luz!!!

Da Folha

Nível dos reservatórios ainda preocupa

Apesar das chuvas de fevereiro, 17 das 28 principais reservas de hidrelétricas têm níveis inferiores aos de 2014
Para especialistas, situação do setor é grave e deve piorar em abril, quando termina o período chuvoso
MARCELO TOLEDODE RIBEIRÃO PRETOApesar das chuvas em fevereiro, a maioria dos reservatórios do país está com volume inferior ao registrado há um ano, situação que deve se agravar nos próximos meses, historicamente secos.
Dos 28 principais reservatórios, 17 estão com níveis de água inferiores aos de março de 2014, dez deles no Sudeste. Em nove, a água não ocupa nem 20% do volume máximo das represas.
Furnas, o maior da região Sudeste/Centro-Oeste, tinha na terça-feira (10) só 13,96% de sua capacidade ocupada por água. Esse é um dos reservatórios que preocupam o governo, que tem feito a redistribuição de energia usando recursos gerados no Norte e no Sul para minimizar o impacto da seca.
Outros dois --Ilha Solteira e Três Irmãos-- já operam abaixo do volume mínimo.
A situação dos reservatórios é grave, na avaliação de especialistas, e o problema deve piorar em abril, quando termina o período chuvoso.
"Os reservatórios são uma poupança de água, e hoje estão vazios. Precisamos de fontes alternativas e, não fosse o baixo crescimento da indústria, já estaríamos num colapso", diz Jefferson Nascimento de Oliveira, docente do departamento de engenharia da Unesp de Ilha Solteira.
Para José Luz Silveira, da Unesp de Guaratinguetá, coordenador do laboratório de otimização de sistemas energéticos e de estudos de pesquisa em bioenergia, se as chuvas ficarem acima da média histórica, ainda serão necessários dois anos para que as represas voltem ao normal.
"O governo não vai conseguir chuva para recuperar esse volume. Tem de investir imensamente em termelétrica, cujos prazos de construção e concepção são mais curtos. A energia vai ficar mais cara, mas, se não fizer isso, não haverá água para gerar."
ALTERNATIVAS
Entre as alternativas citadas pelos especialistas para reduzir a dependência de hidrelétricas estão o uso de energia eólica e da gerada pela biomassa, a partir da cana-de-açúcar, além da proveniente de estações de tratamento de esgoto e aterros.
Para Oliveira, o governo tenta evitar o racionamento com medidas que não devem ser suficientes para evitar o agravamento da crise.
"A combinação de fatores, como importar mais energia e reduzir geração no país, pode elevar o nível de reservatórios, mas é preciso rezar para chover e contar com as condições meteorológicas."
Além do deficit hídrico e do risco de desabastecimento, a seca também gera prejuízos aos municípios banhados por represas de hidrelétricas.
Com as usinas gerando menos energia, o repasse referente ao ICMS cairá. Os municípios também perdem a compensação financeira recebida em virtude da área alagada para as represas.

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