17.9.12

Uma situação deplorável

Tirei esse texto da Folha de São Paulo de hoje, caderno New York Times. O texto maior, a respeito dos elefantes africanos, está na página de Ambiental. Vale a leitura.
A foto inserida foi tirada num parque em Botsuana. É de minha propriedade mesmo...




Caça dizimou elefantes selvagens no Vietnã
Por MARK MCDONALD
HONG KONG - Enquanto na África dezenas de milhares de elefantes continuam sendo mortos por ano por causa do seu marfim, no Vietnã os caçadores já tornaram isso impossível.
Junto com empreendedores imobiliários, madeireiros, moradores de aldeias e burocratas negligentes, eles reduziram a poucas dúzias a população de elefantes selvagens do país.
Os elefantes estão criticamente ameaçados em toda a Ásia, especialmente na Índia e na Tailândia, mas no Vietnã a situação é tão sombria que os grupos de conservação ambiental praticamente já desistiram.
Um minúsculo e mal financiado Centro de Conservação do Elefante, num parque nacional no centro-sul vietnamita, protege 29 animais.
Mas no mês passado, dois elefantes do grupo foram achados mortos numa floresta, inclusive o último macho da manada, que teve cabeça, tronco e presas decepados.
Sem um adulto macho, disseram as autoridades florestais, a manada não é mais "sustentável". O diretor interino do parque disse que a caça se tornou "desenfreada", com seis machos da manada mortos neste ano.
Especialistas preveem que uma manada de 15 elefantes no sul do Vietnã em breve será extinta. Em fevereiro, aventurando-se fora da floresta "protegida" na província de Dong Nai, elefantes famintos destruíram milharais, canaviais e lavouras de batata-doce. Os agricultores fugiram apavorados.
Os elefantes saqueadores pisoteiam pessoas e atacam casas rurais, principalmente buscando sal e cinzas de bambu dos fogareiros.
Os moradores, por sua vez, montam armadilhas para matar os elefantes, ou usam lança-chamas e armas caseiras para espantá-los.
Uma geração atrás, milhares de elefantes vagavam pelas florestas do país. Mas o Vietnã pós-guerra abriu sua economia, e grandes arrozais, cafezais e seringais foram abertos; o país se urbanizou e industrializou.
Os madeireiros também fizeram a sua parte, destruindo antigas matas de mogno, teca e outras madeiras. A população do país disparou, chegando a 92 milhões, maior que a da Alemanha.
Frank Momberg, gerente do programa de Vietnã da ONG conservacionista britânica Fauna e Flora Internacional, me disse em 1999 que "as autoridades locais estão tomando decisões sobre o desenvolvimento sem qualquer preocupação ambiental".
"Os elefantes estão enfrentando a extinção no Vietnã", disse ele, que no entanto ainda tinha esperança de uma intervenção governamental.
Um chamado "plano de ação urgente" para a proteção dos elefantes foi adotado pelo governo em 2006, mas ainda não recebeu verbas.
Nem elefantes domesticados estão a salvo. Em abril de 2011, autoridades locais indiciaram o dono de um elefante usado em passeios turísticos, acusando-o de conspirar para matar o animal por suas presas, que estariam avaliadas em US$ 24 mil.
"O elefante foi achado morto numa floresta", disse o jornal "Tuoi Tre". "Estava amarrado a uma árvore, e os ligamentos das suas pernas traseiras haviam sido arrancados."

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