22.9.11

Historinha

O juiz daquela cidade de beira rio encontrou o prefeito num churrasco e apresentou o marido da prima, especialista em reciclagem, tratamento de esgotos e coisas assim. Começaram a falar da área e que a cidade ainda não tinha um plano. O prefeito pareceu interessado.

Mas depois, prestes a contratar outra empresa, mudou de idéia a respeito da conversa. Temeroso que o assunto fosse para a esfera judicial e que pudesse haver um tratamento severo por parte do Juiz, acrescentou também que não era dever dele sugerir coisas assim, entrou com uma representação na Corregedoria Geral de Justiça. Além disso, as eleições estavam chegando e aquele juiz nem sempre decidia de acordo com o que era mais conveniente para ele.


O juiz foi chamado para se defender. Tempos depois o Corregedor começou a ouvir testemunhas. O juiz, percebendo que o clima na cidade tinha azedado, promoveu-se para a Capital. O prefeito não deixou de ficar feliz e ainda trombeteou que ele tinha tirado o Juiz.


Depois de instruído o feito o Corregedor chamou o Juiz.
- Dr, percebi que o senhor teve boa intenção apresentando o seu parente para o prefeito. Mas essas coisas não são para o Juiz ficar sugerindo.
- Excelência, tem uma lei entrando em vigor.
- Sim, dr, mas se está entrando em vigor o prefeito sabe disso. Isso é problema dele.
- Excelência, tem também uma meta do CNJ a respeito dessa questão.
-Ora, dr, essa meta vale dentro do fórum. O CNJ não quer que os juízes virem apóstolos da Ecologia. O CNJ quer sentenças, despachos, decisões e rapidamente.
- Sim senhor.
- Então é isso dr: estou arquivando a representação mas anote o recado: fique na sua.

1 comment:

Fazenda Pública Osasco said...

Como disse um colega:
"Não sou juiz eleitoral, mas me parece óbvio que as recomendações", "orientações" e "planos" do CNJ não se destinam a todos os Tribunais, indistintamente.

Quem cuida de DEMOCRACIA não pode cuidar de LIXO, e jamais expor seus agentes políticos a tanto. Incumbe à Direção de cada Tribunal saber qual recomendação lhe diz respeito.

E principalmente: questionar uma ação do Tribunal, seja ele leitoral ou de Justiça, não é desafiar a pessoa de seu Presidente, ou as figuras de seus assessores. Não é pôr em dúvida a idoneidade moral de seus integrantes e de seus dirigentes.

A questão não é pessoal.
É de política institucional.

Criticar uma política não é criticar quem criou a política, nem jogar essa pessoa no fogo do inferno.

Nós, do Judiciário, temos que aprender a CONVIVER DEMOCRATICAMENTE, o que implica espaços de críticas a posições tomadas pelas pessoas que exercem cargos de Direção e Chefia. Sem represálias e sem temores. Com franqueza e de peito aberto."