Itaú humilha gerentes e sofre pena de R$ 100 mil
Foto: Divulgação
EM EVENTO OFICIAL DO BANCO DE ROBERTO SETÚBAL, DENTRO DE ÁREA DA AERONÁUTICA, EM ANGRA DOS REIS, ATOR FARDADO MANDOU FUNCIONÁRIOS ‘PAGAREM’ FLEXÕES; OBESA GANHOU BÓIA DE PNEU DE CAMINHÃO PARA PAGAR A NADO MAUS RESULTADOS DE SUA AGÊNCIA; JUSTIÇA PUNIU
Fernando Porfírio _247 - O Itaú-Unibanco submeteu uma gerente a situação vexatória e degradante e, por isso, amargou uma condenação de R$ 100 mil. A humilhação aconteceu num evento patrocinado pelo banco. No encontro, que reuniu 400 gerentes em Angra dos Reis (RJ), o desempenho de uma das agências foi considerado ruim, e a gerente e outros colegas foram obrigados a fazer flexões, “como soldados”, sob as ordens de um ator caracterizado como sargento da Aeronáutica.
A condenação, fixada pela Justiça do Trabalho da 2ª Região (SP), foi mantida pela 7ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que considerou o valor pautado “pelo princípio da razoabilidade, obedecendo aos critérios de justiça e equidade”.
A bancária Miriam Messias Ferreira exerceu o cargo de gerente de agência de abril de 1978 a agosto de 2002, quando foi dispensada sem justa causa.
Conforme a inicial da reclamação trabalhista, dois meses antes da dispensa, o banco realizou o evento em Angra dos Reis, em uma base da Aeronáutica. Os organizadores teriam anunciado que os gerentes das boas agências iriam de barco, os das médias de ônibus e os das ruins “a nado”.
Ainda de acordo com a petição, no último ano de contrato, depois de receber prêmios por bom desempenho, a gerente foi transferida para uma agência considerada ruim e improdutiva pelo banco. Ali, foi apontada como péssima gerente e, segundo afirmou, o diretor chegou a lhe enviar pés de pato para que fosse nadando para o evento, e, para outro colega, obeso, uma boia de câmara de pneu de caminhão.
No encontro, os gerentes teriam sido obrigados a vestir camisetas com braçadeiras de cores diferentes conforme o desempenho de cada agência, e os responsáveis pelas agências de pior desempenho foram, segundo a autora da reclamação, humilhados e expostos ao ridículo no episódio das flexões. Por essa razão, pediu indenização por dano moral correspondente a 20 vezes o último salário, num total de cerca de R$ 109 mil.
O pedido foi deferido pela 3ª Vara do Trabalho de São Paulo e mantido pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Com base no depoimento da bancária e de outras testemunhas, o TRT concluiu que a gerente sofreu humilhação e constrangimento na presença dos demais participantes.
O fato, de acordo com o TRT, repercutiu na agência. “O empregador não pode, a pretexto de 'brincadeiras', expor o empregado a situação vexatória, indigna e atentatória à moral”, afirmou o relator do recurso.
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