1/05/2011
Servidor está há 43 anos na mesma vara
De que é feito o Poder Judiciário? Da força de trabalho de seus integrantes. Magistrados e servidores compõem a engrenagem que sustenta o Tribunal de Justiça de São Paulo. Nos dias atuais, em um universo de intensas mudanças, nas quais a inovação tecnológica busca aposentar as pilhas de processos e as substituir pelo processo virtual, não é fato corriqueiro se defrontar com um servidor que há mais de quatro décadas está na mesma vara. Mas, no Poder Judiciário de São Paulo, essa situação existe e é real. Por traz desse cenário está um oficial maior.
Quarenta e três anos de trabalho dedicados ao Tribunal de Justiça de São Paulo... Todos na mesma unidade cartorária! Essa é a história de Ildefonso Faustino da Silva, carinhosamente chamado pelos amigos de ‘Dedé’, que começa em maio de 1968, quando, aos 16 anos, consegue seu primeiro emprego como ‘menor colaborador eventual’, cargo hoje extinto, no Poder Judiciário paulista.
De lá para cá, nos aproximados 11 mil dias úteis – e em quase todos com a mesma rotina – Dedé acorda cedo, toma o café da manhã e sai de casa em direção a um único destino: a 12ª Vara Cível central da capital, no Fórum João Mendes Júnior. Mas, no seu dia a dia, muita coisa mudou: na carreira, prestou concursos públicos, foi auxiliar judiciário e escrevente técnico e chegou ao cargo de chefe e oficial maior de cartório. Na vida privada, constituiu sua família da qual, assim como da carreira, orgulha-se muito.
Dedé viu e sentiu na pele a chegada da modernidade. Máquinas de escrever e fichários deram lugar a computadores e impressoras. “Quando comecei a trabalhar, as informações de cada processo eram arquivadas em cartões. Cada movimento do processo precisava ser registrado ali. Era muito trabalhoso”, conta.
Enquanto Dedé estava em sua 12ª Vara, citando apenas alguns de cada década, passaram pela presidência do TJSP nomes como Márcio Martins Ferreira, Cantidiano Garcia de Almeida, Young da Costa Manso, Nelson Pinheiro Franco, Odyr José Pinto Porto, Dirceu de Mello, Márcio Martins Bonilha, Celso Luiz Limongi e hoje o desembargador José Roberto Bedran.
Conversar com Dedé é como ter uma aula de história do Judiciário paulista. São muitos os casos curiosos e até engraçados. “Os juízes vinham trabalhar carregando aqueles gravadores enormes. Em casa, de noite, eles ditavam as sentenças no microfone e traziam o equipamento para que as escreventes, que eram exímias datilógrafas, passassem a decisão para o papel”, relembra Dedé.
Ao longo desses 43 anos, Dedé trabalhou com oito diretores e 12 juízes. No mesmo período, o Tribunal de Justiça de São Paulo teve 27 presidentes. O desembargador Paulo Alcides Amaral Salles, que foi juiz titular da 12ª Vara Cível central, lembra com carinho de Dedé. “Ele é muito responsável, educado, daqueles servidores que enchem de orgulho o local de trabalho. Quando chegava um funcionário novo no cartório era ele que ensinava o serviço e sempre com muita paciência”, conta o magistrado.
Caso raro nos dias atuais em que funcionários – sejam do poder público ou da iniciativa privada – passam por departamentos e setores ou mudam de empresa constantemente, Ildefonso Faustino da Silva, paulistano, 59 anos, casado, pai de dois filhos, é um representante da tradição da Justiça de São Paulo – a força de trabalho de seus servidores. Na data de hoje, o Tribunal de Justiça de São Paulo tem exatos 42.905 funcionários, sem os quais não poderia dar andamento aos mais de 19 milhões de processos e 895 mil recursos. Não poderia também cuidar do pagamento de cerca de 200 mil precatórios e realizar por ano mais de 1,3 milhão de audiências, quase sete mil júris e 3,2 mil adoções, entre outras inúmeras atividades.
Expressão recorrente, é comum jornais e revistas se referirem aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário como ‘máquina pública’. Se o Tribunal é uma máquina que distribui Justiça aos mais de 40 milhões de habitantes do Estado, as engrenagens são compostas pelos recursos humanos que nele estão. Fortes e resistentes, os servidores se adaptam às mudanças, enfrentam dificuldades, e às vezes, assim como faz o Dedé permanece em um único ofício com a disposição de fazer sempre o melhor.
Quarenta e três anos de trabalho dedicados ao Tribunal de Justiça de São Paulo... Todos na mesma unidade cartorária! Essa é a história de Ildefonso Faustino da Silva, carinhosamente chamado pelos amigos de ‘Dedé’, que começa em maio de 1968, quando, aos 16 anos, consegue seu primeiro emprego como ‘menor colaborador eventual’, cargo hoje extinto, no Poder Judiciário paulista.
De lá para cá, nos aproximados 11 mil dias úteis – e em quase todos com a mesma rotina – Dedé acorda cedo, toma o café da manhã e sai de casa em direção a um único destino: a 12ª Vara Cível central da capital, no Fórum João Mendes Júnior. Mas, no seu dia a dia, muita coisa mudou: na carreira, prestou concursos públicos, foi auxiliar judiciário e escrevente técnico e chegou ao cargo de chefe e oficial maior de cartório. Na vida privada, constituiu sua família da qual, assim como da carreira, orgulha-se muito.
Dedé viu e sentiu na pele a chegada da modernidade. Máquinas de escrever e fichários deram lugar a computadores e impressoras. “Quando comecei a trabalhar, as informações de cada processo eram arquivadas em cartões. Cada movimento do processo precisava ser registrado ali. Era muito trabalhoso”, conta.
Enquanto Dedé estava em sua 12ª Vara, citando apenas alguns de cada década, passaram pela presidência do TJSP nomes como Márcio Martins Ferreira, Cantidiano Garcia de Almeida, Young da Costa Manso, Nelson Pinheiro Franco, Odyr José Pinto Porto, Dirceu de Mello, Márcio Martins Bonilha, Celso Luiz Limongi e hoje o desembargador José Roberto Bedran.
Conversar com Dedé é como ter uma aula de história do Judiciário paulista. São muitos os casos curiosos e até engraçados. “Os juízes vinham trabalhar carregando aqueles gravadores enormes. Em casa, de noite, eles ditavam as sentenças no microfone e traziam o equipamento para que as escreventes, que eram exímias datilógrafas, passassem a decisão para o papel”, relembra Dedé.
Ao longo desses 43 anos, Dedé trabalhou com oito diretores e 12 juízes. No mesmo período, o Tribunal de Justiça de São Paulo teve 27 presidentes. O desembargador Paulo Alcides Amaral Salles, que foi juiz titular da 12ª Vara Cível central, lembra com carinho de Dedé. “Ele é muito responsável, educado, daqueles servidores que enchem de orgulho o local de trabalho. Quando chegava um funcionário novo no cartório era ele que ensinava o serviço e sempre com muita paciência”, conta o magistrado.
Caso raro nos dias atuais em que funcionários – sejam do poder público ou da iniciativa privada – passam por departamentos e setores ou mudam de empresa constantemente, Ildefonso Faustino da Silva, paulistano, 59 anos, casado, pai de dois filhos, é um representante da tradição da Justiça de São Paulo – a força de trabalho de seus servidores. Na data de hoje, o Tribunal de Justiça de São Paulo tem exatos 42.905 funcionários, sem os quais não poderia dar andamento aos mais de 19 milhões de processos e 895 mil recursos. Não poderia também cuidar do pagamento de cerca de 200 mil precatórios e realizar por ano mais de 1,3 milhão de audiências, quase sete mil júris e 3,2 mil adoções, entre outras inúmeras atividades.
Expressão recorrente, é comum jornais e revistas se referirem aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário como ‘máquina pública’. Se o Tribunal é uma máquina que distribui Justiça aos mais de 40 milhões de habitantes do Estado, as engrenagens são compostas pelos recursos humanos que nele estão. Fortes e resistentes, os servidores se adaptam às mudanças, enfrentam dificuldades, e às vezes, assim como faz o Dedé permanece em um único ofício com a disposição de fazer sempre o melhor.
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