18/01/2013 - 06h00
Fila do serviço médico da rede municipal de SP tem 661 mil pedidos
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TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Um paciente que chegar a uma unidade de saúde municipal de São Paulo com queixas de fraqueza nas pernas e dor lombar deverá demorar ao menos 35 meses para descobrir as causas do problema e começar a tratá-lo.
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É esse o tempo médio de espera para se realizar um eletroneuromiograma, capaz de fazer o diagnóstico de problemas nos nervos e músculos.
Editoria de arte/Folhapress |
O exame é o que mais demora para ser realizado na cidade e tem 9.876 pessoas na espera para fazê-lo.
Os dados são de um levantamento solicitado à prefeitura pela Folha. O pedido, feito por sete meses, só foi liberado quando a reportagem acionou a Lei de Acesso à Informação --que obriga o poder público a divulgar dados.
Eles mostram que havia 660.840 pedidos de consultas, exames ou cirurgias na fila de espera dos equipamentos de saúde municipais em outubro de 2012, últimos dados disponíveis, segundo a Secretaria Municipal da Saúde.
Só para realizar uma ultrassonografia transvaginal, para o diagnóstico de câncer no ovário, eram 72.517 pedidos.
A última mulher a entrar na fila deve demorar seis meses para conseguir fazer o exame --isso porque a prefeitura consegue fazer, em média, 11.893 procedimentos desse tipo por mês.
O mesmo paciente pode aparecer mais de uma vez na lista, já que pode ter solicitado mais de um exame.
O novo secretário da Saúde, José de Filippi Júnior, admitiu a gravidade da situação e estuda até fazer um mutirão para agilizar o atendimento.
DESISTÊNCIAS
"Precisava de uma ressonância magnética e demorou seis meses", conta a aposentada Maria José Torres, 45. "Não tenho convênio. Enquanto aguardava, tive uma convulsão muito forte."
A espera é tanta que alguns pacientes chegam a desistir. Outros pagam do próprio bolso o exame. "Desisti e paguei R$ 35 em uma clínica particular", conta a faxineira Irene Pereira da Silva, 39, após seis meses de espera por uma ultrassonografia transvaginal.
A falta deste exame pode agravar a saúde de pacientes, diz José Antonio Marques, vice-presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de SP. "Tumores do endométrio e do ovário podem piorar muito nesses seis meses."
Para Mário Scheffer, professor do Departamento de Medicina Preventiva da USP, o ideal seria a prefeitura fixar prazos máximos de atendimento, como acontece nos planos de saúde.
Colaborou LEANDRO MACHADO
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