PROCURAM-SE DELEGADOS
Marilda Pansonato Pinheiro
Recentemente a população ficou sabendo de um dado mais do que alarmante, o de que o Estado de São Paulo perde 1 delegado de polícia a cada 2 semanas. Com isso em mente, podemos ver claramente que a depreciação dessa carreira só constata a falência da segurança pública no Estado.
De 2005 até agora, o nosso Estado já perdeu 126 delegados. Os dados do último concurso, promovido em 2009, são ainda mais alarmantes. Dos 180 nomeados, 34 já abandonaram a carreira.
Muitos delegados migram para Estados vizinhos em busca de melhores condições salariais e de trabalho. E, para melhor exemplificarmos, cito o Estado do Paraná. Ali, a remuneração média é de R$ 11,7 mil, enquanto em São Paulo (e aqui vale lembrar que este é o Estado mais rico da Federação) a remuneração é de apenas R$ 5.495 (já incluída aí a incorporação do Adicional de Local de Exercício).
Em questão de remuneração dos delegados, o Estado paulista fica atrás apenas do Pará. Com isso, devemos chamar a atenção para o enorme risco que corremos: o de ver extinta uma das carreiras elementares para a garantia do Estado Democrático de Direito.
O concurso anunciado recentemente pelo governo para preenchimento de 130 vagas para delegado, embora válido, em minha opinião, não irá solucionar o caos, pois levará um ano e meio para ser finalizado.
Em seguida, os aprovados passarão cerca de 1 ano em curso para formação na Academia de Polícia, que é a melhor do país com uma despesa proporcional a sua grandiosidade.
Cada candidato, durante sua formação, custará cerca de R$ 100 mil para o Estado. Todavia, é bom ressaltar que esse mesmo delegado abandonará a carreira. Afinal, o que todos vêem é a falta de uma boa política de valorização dessa categoria, além de, é claro, perspectiva de crescimento profissional.
Assim, o gargalo não está apenas no preenchimento ou criação de vagas, mas na necessidade de uma total reestruturação da Polícia Civil.
Um dos pontos primordiais será manter delegados em seus cargos, evitando-se o êxodo para outros Estados ou mesmo para outras carreiras jurídicas.
Esperamos assim, a criação de uma política pública de segurança eficiente, capaz de resgatar a dignidade dos nossos profissionais e oferecer serviço público de excelência que a sociedade precisa e merece.
Não podemos questionar a realidade de que se, valorizarmos a Polícia Civil, teremos uma sociedade amparada.
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